Por Fernando Brito
O ministro Teori Zavascki atendeu
o pedido de Rodrigo Janot e incluiu o ex-presidente Lula na investigação da
Lava jato.
Que, aliás, segue o perigosíssimo
caminho de investigar “núcleos” e não crimes determinados.
O que leva a investigar pessoas,
mais do que fatos.
Daí para o “domínio do fato” é um
pulo, porque a lógica é que há uma organização criminosa e não apenas pessoas
praticando crimes, sós ou em associação permanente com outras.
Aliás, núcleos, por definição,
pedem um centro…
Curioso é que esta lógica não é
seguida – e não deve mesmo ser – em outros casos.
Rouba-se no Metrô de São Paulo.
Rouba-se na Fepasa. Rouba-se na Cesp. Rouba-se em outras estatais paulistas.
Logo, segundo esta lógica, há um
núcleo roubando.
E um núcleo, claro, deve ter um
centro.
Mas não é assim que se faz.
Não se tem notícias de que o
governador e o ex-governador estejam sendo investigados, porque são tratados
como eventos separados.
Não vale o argumento de que todos
os dirigentes destas empresas foram e são nomeados por eles.
E é correto, enquanto não se tem
indícios fortes de que eles ordenaram ou participaram dos atos de corrupção.
Agora, não: há um objetivo no
qual tudo vai sendo encaixado. “Dá-se um jeito de caber”, como ironiza o
ex-procurador Eugenio Aragão.
Em lugar da culpa, deve-se provar
– e cabalmente – a inocência, mesmo que não se possa provar intenções.
Se Lula não for condenado por
navio-sonda, será por pedalinho; se não puder ser por refinaria, será por
apartamento; se não “colar” o gasoduto, serve o sítio, se não tiver propina,
servem os caixotes do acervo presidencial, segundo o MP guardados num galpão
pago com propinas pagas por obras bilionárias de duas refinarias, que ridículo…
Os ministros do Supremo Tribunal
Federal – e ação ou omissão, no caso deles no es lo mismo, pero es igual – já decidiram, tanto quanto o Procurador
Geral, que se lhes exige condenar Lula
e, provavelmente, Dilma.
Os dois que, aliás, indicaram a
quase todos eles para os cargos que ocupam.
Talvez, quem sabe, seja uma
“autocrítica”.
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