Túnel do tempo, 1975
Na crônica “Feira em
tempo de nostalgia”, publicada há 40 anos (sábado 26 de julho de 1975) no
suplemento especial do jornal A Tarde, sobre o Dia da Padroeira de Feira de
Santana, o mestre Dival Pitombo recorda a visita que o escritor gaúcho Érico
Veríssimo fez a Feira de Santana. Com o subtítulo “Conferência a luz de velas”,
vale a pena recordar:
“Um dia recebi um
recado do velho João Marinho.
Queria falar
comigo. Ao procurá-lo, disse-me o seguinte:
- Amanha chega
aqui um literato que João Falcão me pediu para receber. E como não sei
conversar muito com essa gente, quero que você venha fazer-lhe companhia.
Fui sem saber
quem era. E encontrei-me – que agradável surpresa – com Érico Veríssimo. Após o
jantar sair com ele e a senhora, para mostrar-lhe a cidade.
No caminho
recebi um recado de Joselito Amorim, pedindo-me para levar o romancista no
Colégio Santanópolis, que os estudantes queriam conhecê-lo.
Érico mostrou-se
interessado no contato com os jovens.
Fomos.
Ao nos
dirigirmos para lá, um “blackout” total surpreendeu a cidade.
Chegamos ao
colégio na mais repleta escuridão. Ficamos na secretaria aguardando a
normalização, que não se deu até o fim da noite.
Então os
estudantes compraram grande quantidade de velas e, na sala de aula,
colocaram uma em cada carteira.
Ao entrar, Érico
foi saudado com uma calorosa manifestação dos alunos. Palmas entusiásticas
estrugiram.
Surpreendido, o
escritor improvisou uma linda conferência
sobre costumes gaúchos, à luz das velas, que naquele auditório “sui
generis” criaram um ambiente fantasmagórico semelhante a um lago iluminado, que
impressionou o romancista.
Mais tarde
escreveu-me de Porto Alegre comentando o fato. E treze anos depois, no Rio de
Janeiro, em lançamento de um dos seus livros na Livraria São José, relembrou o
acontecimento, dizendo-me que não esqueceria, porque foi a única vez, em sua
vida, que pronunciou uma conferência à luz de velas.
A originalidade
da situação fixou o episódio, que talvez, um dia, figure em suas Memórias”
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