Por Assis Moreira | De
Genebra
O número de telefone é
de Genebra, mas o som parece distante, vindo do outro lado do mundo. Após
alguns minutos de espera, uma pessoa, que se identifica como "madame
Mueller", ouve a pergunta sobre como seria possível abrir uma conta
"offshore" (fora do país de origem do interessado). A única coisa que
quer saber é o nome do interlocutor. Nada indaga sobre a origem dos recursos.
A empresa que
"madame Mueller" representa chamase Fidusuisse (lembrando
"fiduciary", em inglês, agente que se encarrega da gestão de ativos
de outra pessoa, sob condições de confiança mútua). Em seu site na internet,
diz ser especialista na abertura de contas "offshore". Sem perder
tempo, e com tranquilidade absoluta, "madame" oferece um pacote
completo de serviços para tirar dinheiro do Brasil e camuflálo em um paraíso
fiscal no exterior sem chance, argumenta, de as autoridades tributárias o
localizarem.
Madame" sugere a
abertura de uma conta pessoal em um banco de Delaware, EUA. Diz que pode preparar
em seguida uma fatura fictícia de compra no exterior, para justificar a saída
do dinheiro do Brasil. A terceira etapa seria enviar um cartão de crédito de
viagem sem nome e "impossível de ser rastreado", que permitirá o uso
da conta sem deixar traços.
A remuneração pelo
serviço é modesta: €3.500 pelo pacote. Depois, o cliente precisará pagar €750
por ano ao banco, para renovar a conta. "Não precisa declarar nada [no
Brasil]. Dá sempre certo", afirma.
Quando o interlocutor
pede um encontro pessoal no escritório que a empresa teria em Genebra,
"madame" diz que isso só seria possível na Bélgica. "Mas é
normal fazer tudo eletronicamente. É rápido."
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