domingo, 8 de novembro de 2015

SERÁ CADA VEZ MAIS DIFÍCIL GUARDAR DINHEIRO EM PARAÍSOS FISCAIS

Por Assis Moreira | De Genebra

O número de telefone é de Genebra, mas o som parece distante, vindo do outro lado do mundo. Após alguns minutos de espera, uma pessoa, que se identifica como "madame Mueller", ouve a pergunta sobre como seria possível abrir uma conta "offshore" (fora do país de origem do interessado). A única coisa que quer saber é o nome do interlocutor. Nada indaga sobre a origem dos recursos.

A empresa que "madame Mueller" representa chama­se Fidusuisse (lembrando "fiduciary", em inglês, agente que se encarrega da gestão de ativos de outra pessoa, sob condições de confiança mútua). Em seu site na internet, diz ser especialista na abertura de contas "offshore". Sem perder tempo, e com tranquilidade absoluta, "madame" oferece um pacote completo de serviços para tirar dinheiro do Brasil e camuflá­lo em um paraíso fiscal no exterior ­ sem chance, argumenta, de as autoridades tributárias o localizarem.
Madame" sugere a abertura de uma conta pessoal em um banco de Delaware, EUA. Diz que pode preparar em seguida uma fatura fictícia de compra no exterior, para justificar a saída do dinheiro do Brasil. A terceira etapa seria enviar um cartão de crédito de viagem sem nome e "impossível de ser rastreado", que permitirá o uso da conta sem deixar traços.
A remuneração pelo serviço é modesta: €3.500 pelo pacote. Depois, o cliente precisará pagar €750 por ano ao banco, para renovar a conta. "Não precisa declarar nada [no Brasil]. Dá sempre certo", afirma.
Quando o interlocutor pede um encontro pessoal no escritório que a empresa teria em Genebra, "madame" diz que isso só seria possível na Bélgica. "Mas é normal fazer tudo eletronicamente. É rápido." 

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