Vejam vocês como é tratada a informação na imprensa
brasileira.
Você é ministro das Minas e Energia e está estudando a
nomeação de um servidor de carreira, com 18 anos de casa, para um posto na Petrobras.
No seu partido há um Senador que foi diretor da empresa e
que teve aquele servidor como subordinado.
Então você pergunta: Senador, o que acha do fulano, ele é
pessoa séria, bom profissional?
E o Senado diz que é ótimo, capacitado, dedicado e honrado.
O que tem isso, senão o cuidado de ter informações sobre
alguém e até, afinal, uma prova de que queria escolher corretamente?
Mas a manchete do Estadão é “Delcídio diz à PF que Dilma o
consultou em 2003 sobre nomeação de Cerveró na Petrobras”
Agora, revelado quem era Delcídio Amaral, sob a capa de
homem respeitável e até depois da prisão não foi apenas o senador Aloysio Nunes
Ferreira o único oposicionista a fazer-lhe um rosário de elogios, fica fácil
transformar qualquer conversa com ele em “indício de crime”.
Como se qualquer pessoa pudesse achar que Dilma, com o
comportamento que tem, pudesse ter um diálogo na base do “E aí, Dedé, aquele
farol alto-farol baixo lá da Petrobras, tem jogo?”
Seria noticia se, sim, Dilma o tivesse consultado e ele
apontado qualquer irregularidade no comportamento de Cerveró e ela teimado,
ainda assim, em nomeá-lo. E isso Delcídio não ia fazer justamente por Cerveró
ser seu cupincha.
Só lá pelo meio da matéria é que Delcídio fala que foi nomeado diretor de Gás e Energia na empresa,
em 1999, um ano depois que assinar ficha do PSDB, atendendo a convite do então presidente da
República Fernando Henrique Cardoso’, diretoria na qual Cerveró era seu gerente
executivo.
Não se pergunta quem o indicou, como não se pergunta quem o
colocou como Secretário Executivo – e depois, por quatro meses Ministro das
Minas e Energia – no governo Itamar Franco, onde FHC foi ministro.
Claro, isso não vem ao caso.
O que importa é transforma uma consulta normal, lógica e
absolutamente técnica em algo que aparente cumplicidade política e (i)moral.
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