Por Fernando Brito
Em TIJOLAÇO
Segundo a Folha, shows de Michel Teló, Paula Fernandes e
Fernando e Sorocaba, em 2012, custavam R$ 350 mil cada um, mais despesas de
viagem, hospedagem e toda a estadia para
suas equipes. Já Thiaguinho, Luan Santana e Gusttavo Lima, um pouco menos: R$
300 mil.
Com o devido respeito, nem sei quem são, salvo por Teló, que
teve um sucesso com algo como “ai, se eu te pego” ou outra erupção poética do
gênero.
A mesma Folha, porém, vai seguir amanhã ou domingo a linha
aberta pela Época – com a sigilosa cooperação do Ministério Público do Distrito
Federal – a linha de criminalizar os ganhos do ex-presidente Lula com a
realização de palestras no exterior, com passagens pagas por empresas
brasileiras e instituições e governos estrangeiros.
Pelo menos, é o que se deduz da nota “preventiva” do Instituto Lula dando conta de que o jornal
“procurou hoje a assessoria do Instituto Lula na tentativa de legitimar mais
uma de suas ilações maliciosas a respeito do ex-presidente Lula. Desta feita, a
ideia é associar a frequência das palestras de Lula ao andamento da operação
Lava Jato.”
A tese é de uma obviedade asinina.
Os contratos de palestras para Lula minguaram após a
Lava-Jato, ou seja, em 2014.
E muito mais em 2015, porque ninguém quer ser “acusado” de
estar financiando o “lulopetismo”.
Que minguariam em 2014, é obvio: em meio ao processo
eleitoral para a Presidência, uma palestra de Lula ganha contornos eleitorais
óbvios e eu, você ou um Homem de Neanderthal que estivéssemos dirigindo uma
empresa privada se retrairia diante
disso.
Mas, como a Folha não habita a mesma capacidade de
raciocínio que eu e você, leitor, nem a do pobre do Homem de Neanderthal, pode
ser que se esmere até num “infográfico” que mostre a “queda da procura” por
palestras do ex-presidente desde o ano passado.
Pior que isso, porém, é achar que Lula viaja, tem um
encontro protocolar com um chefe de Estado ou dirigente estrangeiro, na
“monoglotice” que o caracteriza, e diz para o tradutor “aí, mermão, fala pra
ele que tem quinhetinho para fazer essa obra”?
A Folha não debocha da inteligência de seus leitores,
debocha da inteligência humana.
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