Por Fernando Brito
Um dia, lidando com uma pessoa de
mau-caráter, pedi a orientação de um renomado (e decentíssimo) advogado criminalista sobre ameaças que vinha ouvindo em telefonemas.
- Grave, disse ele.
Objetei que isso era coisa de
bandido, que não faria isso.
Ele, com pesar mas com a
experiência de quem tem de enfrentar a realidade, disse-me:
- Brito, não aja como santo
quando lidar com bandidos.
Não é preciso dizer que não
gravei e passei por alguns maus bocados por não
ter feito isso.
A história veio-me à memória
quando vi o Facebook do Palácio do Planalto ter de publicar um desmentido sobre
Dilma Rousseff ter “decretado” luto oficial pela morte do brasileiro fuzilado
na Indonésia por tráfico de drogas.
A atitude correta, do ponto de
vista humano e diplomático de pedir a comutação da pena de morte de Marco Archer Cardoso Moreira foi transformada,
por algum canalha, na exploração de termos decretado luto oficial por um
traficante.
Um desrespeito, por incrível que
pareça, até mesmo ao morto.
Mas o que esperar num país que
endeusa bandidos e, assim, endeusa o banditismo, desde que ele forneça frutos
políticos?
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