Por - Fernando Brito
A evidente pressão do conservadorismo em favor de que Marina
assuma a vaga deixada pela morte de Eduardo Campos é uma faca de dois gumes.
Pode, é claro, levar a um segundo turno das eleições
presidenciais.
Mas igualmente pode, pela comoção causada pela morte do
candidato e pelo espetáculo mórbido criado pela mídia em torno do
desaparecimento de Eduardo Campos, ultrapassar Aécio Neves e roubar dele o
lugar neste segundo turno.
E aí?
Como agirão os integrantes do PSB com notórias ligações com
os tucanos, como Márcio França (SP), Júlio Delgado (MG) e o notório Roberto
Freire, cujo PPS está nesta coligação?
Tentam vetar Marina, não há segundo turno; concordam com ela
e arriscam que Aécio fique fora dele?
O que o “stablishment” acha de Marina?
Capaz, preparada, eficiente?
Vai contar que ela seja, como ensaiou várias vezes na
campanha de 2010, dócil e cordata com os interesses econômicos, os grandes inimigos,
neste país, do meio-ambiente?
Vão jogar Aécio fora, como parece ser a vontade de alguns
“mais animados”?
E Dilma, de fato “perde”?
Os votos de Pernambuco e o que o candidato socialista tinha
a mais no Nordeste migram para quem?
São perguntas que não se pode responder agora.
Episódios como o de ontem, espetacularizados de forma
doentia na mídia, produzem imenso efeito
imediato e, em geral, parcas consequências de médio e longo prazos.
A mórbida pesquisa
Datafolha registrada ontem é, como já se afirmou aqui uma tolice científica –
além de uma imensa desumanidade de seus promotores – porque vai medir não
intenção de voto, mas comoção.
Há muitas perguntas a serem respondidas, embora o provável
seja a candidatura Marina Silva.
Mas nem tudo, com ela, são flores para a direita.
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