De Observatório da Imprensa
Por Luciano Martins Costa
No processo em que aparece como ré, na Justiça Federal do
Paraná, busca-se o paradeiro de nada menos do que R$ 103 milhões, que passaram
por oito empresas de fachada e seis contas bancárias controladas por ela em
nove países. Trata-se, portanto, de um esquema amplo, que, como já foi revelado
em outras operações policiais, envolve políticos de vários partidos,
empresários, atletas de futebol, artistas, publicitários e muito mais.
O texto do Globo reforça a ideia de que a Operação Lava-Jato
levanta apenas uma borda do amplo tapete sob o qual se esconde o dinheiro da
corrupção, da sonegação, da evasão de lucros e provavelmente também do tráfico
de drogas. No entanto, o que diz o título da reportagem que traça o perfil da
acusada? Diz assim: “A doleira que teria trabalhado para o PT”.
Ou seja, usa-se como fonte um inquérito que já virou
processo judicial, no qual se revela um amplo e diversificado esquema
criminoso, e o jornal joga toda a suspeição num único partido.
Por que não dizer “a doleira que trabalhou para políticos e
empresários”? Porque a imprensa não tem interesse em desvendar o grande esquema
de lavagem de dinheiro, mas usar uma parcela das informações para apontar o
dedo em uma direção específica. Afinal, é desse material jornalístico que se
municiam os marqueteiros de campanha. CONTINUE LENDO
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