sexta-feira, 2 de maio de 2014

TODO CRIME DE DOLEIRA VIRA CULPA DE UM ÚNICO PARTIDO

De Observatório da Imprensa
Por Luciano Martins Costa

No processo em que aparece como ré, na Justiça Federal do Paraná, busca-se o paradeiro de nada menos do que R$ 103 milhões, que passaram por oito empresas de fachada e seis contas bancárias controladas por ela em nove países. Trata-se, portanto, de um esquema amplo, que, como já foi revelado em outras operações policiais, envolve políticos de vários partidos, empresários, atletas de futebol, artistas, publicitários e muito mais.

O texto do Globo reforça a ideia de que a Operação Lava-Jato levanta apenas uma borda do amplo tapete sob o qual se esconde o dinheiro da corrupção, da sonegação, da evasão de lucros e provavelmente também do tráfico de drogas. No entanto, o que diz o título da reportagem que traça o perfil da acusada? Diz assim: “A doleira que teria trabalhado para o PT”.

Ou seja, usa-se como fonte um inquérito que já virou processo judicial, no qual se revela um amplo e diversificado esquema criminoso, e o jornal joga toda a suspeição num único partido.

Por que não dizer “a doleira que trabalhou para políticos e empresários”? Porque a imprensa não tem interesse em desvendar o grande esquema de lavagem de dinheiro, mas usar uma parcela das informações para apontar o dedo em uma direção específica. Afinal, é desse material jornalístico que se municiam os marqueteiros de campanha. CONTINUE LENDO

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