Pesquisas são como o vento: passam e mudam de direção
rapidamente, a depender das condições de pressão e temperatura. Sondagens
eleitorais, ademais da volatilidade, pertencem ao ferramental de campanha dos
diferentes candidatos. Pertencem ao paiol dos candidatos na tentativa de
conquistar o território do eleitor.
O estardalhaço na divulgação, ou, ao contrário, o degredo
nas notas de rodapé, ilustram esse manejo focado no interesse próprio ao qual
estão alinhados os diferentes veículos.
Veja-se dois casos recentes de quase clandestinidade imposta
a resultados colhidos em rincões distintos do país.
Nesta terça-feira, o Ibope atestou na Bahia uma avalanche de
intenções de voto que beneficiam a Presidenta Dilma: 50% dos eleitores baianos
afirmam que pretendem referendar a sua reeleição em outubro próximo.
O que sobrou para Aécio?
Sobraram 12% das intenções dos eleitores; a Eduardo Campos,
pouco mais que a metade disso: 7%. Juntos, os dois principais opositores de
Dilma tem 19% dos votos baianos.
Não estamos falando de qualquer refrega anunciada.
A Bahia é o quarto maior colégio eleitoral do país e o
principal celeiro de votos do Nordeste.
O Estado conta com 10.117.415 eleitores registrados. Perde
apenas para São Paulo, com 31,7 milhões; Minas Gerais, 15,1 milhões; e Rio de
Janeiro, 12 milhões.
Nas disputas presidenciais recentes, é bem verdade, o
conservadorismo nunca foi muito prestigiado pelos baianos, que em 2002 deram
55% dos votos a Lula, contra Serra.
Em 2010, o mesmo tucano seria esfarelado novamente nas urnas
da Bahia: perdeu por uma diferença de 2,8 milhões de votos para Dilma.
Tudo indicava, porém, que agora seria diferente.
Para isso o PSDB montou um palanque indisponível nas vezes
anteriores.
Pior que isso.
Desta vez, o PT não tem candidatura forte ao governo do
Estado. E inimigos históricos, figadais, da oligarquia baiana uniram-se para
dar palanque ao tucano no Estado.
O ex-governador Paulo Souto (DEM) é o candidato do
conservadorismo ao Palácio de Ondina; o deputado Geddel Vieira Lima (PMDB), se
uniu a ele para a vaga no Senado; o tripé se completa com um apoio direto da
mídia: Joacy Góes, ex-diretor da Tribuna da Bahia, é o vice de Souto, pelo
PSDB.
Para arrematar, a chapa tem no prefeito de Salvador, ACM
Neto (DEM), bem avaliado na capital, um cabo eleitoral engajadíssimo.
Aí vem a sondagem do Ibope desta semana, contratada pelo
Correio da Bahia, para mostrar que a coisa agora vai.
E dá 50%, ou seja, o equivalente a cinco milhões de votos
para Dilma; e pouco mais de um milhão para Aécio. CONTINUE LENDO
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