quarta-feira, 7 de maio de 2014

O FLAGRANTE DO FARISEU

Por: Fernando Brito
Deprimente o gesto do senador Aloísio Nunes Ferreira, líder do PSDB, de assinar e depois riscar seu nome na lista para a criação de uma CPI para apurar a corrupção na compra dos trens do Metrô e da CTPM paulistas.
Dizer que assinou “por engano” depois de seu chefe, Aécio Neves, ter feito farol dizendo, no plenário, que iria assinar o requerimento é de total indignidade.
Ferreira já tinha protagonizado cenas deploráveis, ao partir para a agressão verbal – e quase à física – um rapaz que lhe perguntar porque os tucanos enterraram todas as CPIs em São Paulo.
Vai o senador querer agora posar de moralista na CPI da Petrobras, quando sua honradez e vigilância do uso do dinheiro público tem rigor seletivo?
Não adianta, agora que o requerimento tem número para ser apresentado, retroceder do retrocesso e assinar.
Um homem que não sustenta sua assinatura não tem estatura moral para julgar atos alheios.
Mais ainda no Senado da República, onde nem seria preciso sequer assinar para estar preso ao compromisso, deveria bastar a palavra.
Mas para o tucanato paulista uma CPI do Metrô é mortal.
Porque detona o seu leito, seco leito, paulista e expõe ao país um esquema de mais de uma década de desvio de recursos, que vai muito além de um ou dois homens que se corrompam, mas revela uma fonte farte e permanente de dinheiro ilegal.
E mostra quem quer apurar e quem quer esconder.

PS. A propósito do episódio em que o grão-tucano paulista manda para “a puta que o pariu” um rapaz que lhe pergunta como foi que os tucanos enterraram dezenas de CPIs em São Paulo, não deixe de ler a carta de Rodrigo Viana, o Escrevinhador a Aloísio, em que, com todos os bons modos e delicadezas, o questiona “por que o PSDB quer CPI em Brasília, mas não admite CPI em São Paulo”. Simples assim.

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