Por Paulo Nogueira
Se ainda sobrou alguma coisa das garrafas de tequila que
Paulinho da Força encomendou para calibrar sua fala no Primeiro de Maio, Aécio
poderia pedir a ele para comemorar a pesquisa do instituto Sensus.
Aécio cresceu quase 50%. Dos 16% em que parecia estacionado,
foi para mais de 23%. Isso sem fazer nada. Aliás: fazendo coisas como garantir
à plutocracia que seu governo tomará “medidas impopulares”.
O único problema, na celebração aeciana, é que o crescimento
extraordinário é biônico. O Sensus – que nos últimos tempos tem prestado
serviços ao PSDB – decidiu inovar, aspas.
Os nomes, nas pesquisas, aparecem num círculo, para que não
haja favorecimento visual a nenhum deles.
O Sensus optou – sabe-se lá por quê, ou melhor, sabe-se bem
por quê – pela ordem alfabética. Se Aécio se chamasse Zaratustra, o Sensus
talvez tivesse escolhido a ordem alfabética ao inverso. Você bate o olho no
cartão da pesquisa e o nome de Aécio se destaca amplamente, em detrimento dos
demais.
Quem denunciou a invenção do Sensus foi o insuspeito
Estadão, pelo bom blogueiro José Roberto de Toledo.
No ritmo do crescimento apontado pelo Sensus, Aécio pode
chegar às eleições com mais de 100% dos votos. Talvez na próxima pesquisa o
Sensus possa retirar os outros nomes. A ascensão irresistível de Aécio se
confirmará plenamente.
Se algum partido reclamar na Justiça, a decisão deve caber
ao campeão da neutralidade Joaquim Barbosa. Pausa para rir, ou chorar.
Não é a primeira vez que o Sensus faz algo estranho, notou
Toledo em seu blog. “Na disputa presidencial de 2002, o instituto também fez
uma pesquisa surpreendente na fase da pré-campanha. No final de 2001, o
instituto divulgou pesquisa que colocava Roseana Sarney (então no PFL) empatada
com Lula, em primeiro lugar. Razão: antes de perguntar a intenção de voto, o
Sensus perguntava ao eleitor sobre um escândalo envolvendo o PT, e sobre o
racionamento de energia elétrica, o que prejudicava José Serra (PSDB).”
O fato é que o episódio mostra que é mais que hora de
investigar as pesquisas. Como são feitas, quais os critérios etc.
O brasileiro já é manipulado demais pelo noticiário das
grandes empresas jornalísticas para que seja engambelado também pelas pesquisas
Nenhum comentário:
Postar um comentário