sábado, 1 de março de 2014

LEILA, A ETERNA RAINHA DA BANDA DE IPANEMA

A Banda de Ipanema é a mãe de todas as bandas carnavalescas do país e sua origem já faz parte da história cultural da Cidade Maravilhosa. Conta-se que em 1959 o clima do bairro de Ipanema era de uma cidade de interior. Foi quando Ferdy Carneiro convidou alguns amigos para inaugurar um clube em Ubá (MG), durante o feriado de carnaval. A turma de amigos, entre eles Albino Pinheiro, Paulo César Saraceni e J. Rui, presenciou uma manifestação carnavalesca tradicional na cidade, realizada pea famosa Banda Philarmônica Embocadura, que pertencia à família de Ferdy.  Era uma banda em que os pseudomúsicos saíam trajados de branco e com chapéu de palha, sendo que nenhum deles tocava instrumento algum. Atrás, vinha uma banda de verdade, que animava o carnaval de Ubá, terra de Ary Barroso.
Quando Ferdy e seus amigos voltaram ao Rio, inspirados naquela animada festa que viram em Ubá, decidiram criar a sua própria banda. Designer formado pela Escola Superior de Desenho Industrial, jornalista, programador visual, diretor de arte de agências de propaganda e artista plástico, Ferdy Carneiro, ex-diretor administrativo do Museu Carmem Miranda, falecido em 18 de outubro de 2002, era um mineiro apaixonado pelo Rio, boêmio “de carteirinha”, freqüentador das rodas de samba mais tradicionais e apreciador de bebidas. Ele trabalhou no teatro e cinema – sua grande paixão – e escreveu no Pasquim.
No carnaval de 1965, ano do 4.º Centenário da Cidade do Rio de Janeiro, tendo como referência aquela banda de Ubá e outras idéias na cabeça, Albino Pinheiro, animador cultural e considerado “o prefeito espiritual da cidade do Rio de Janeiro”, por sua animação e carioquice, o designer Ferdy Carneiro, o cartunista Jaguar, futuro criador do jornal Pasquim, e mais alguns amigos fundaram a Banda de Ipanema. 

Em um bar, Jaguar fez a lista com os nomes dos integrantes: trinta, ao todo.Naquela época, primeiro carnaval após o golpe militar, quando era proibido juntar mais de 50 pessoas em local público, a Banda de Ipanema conseguiu reunir cerca de 10 mil foliões. Desde o primeiro desfile, a banda exibe uma faixa com um lema – “Yolhesman Crisbeles” – que sempre intrigou o pessoal do antigo SNI, que deduzia ter ela um significado que, embora obscuro, certamente era subversivo. A expressão enigmática, segundo um cordelista da Estação Pedro II da Central do Brasil, seria o grito do anjo exterminador no dia do Juízo Final. 

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