Luis Nassif
Já se delineou no Senado e começa a ser montada na Câmara o
contra-ataque do governo à CPI da Petrobras.
Partem-se de dois pontos iniciais.
O primeiro, o que o Planalto entende como articulação
mídia-oposição em torno da CPI. Ficou claro ontem – segundo fonte do Palácio –
com o Jornal Nacional preparando o terreno para o pronunciamento, em horário
eleitoral, de Eduardo Campos e Marina Silva.
O JN enfatizou a perda de valor de mercado da Petrobras,
abrindo espaço para o discurso da dupla.
No Planalto, foi visto como irresponsabilidade,
desconsiderando contribuições da Petrobras ao país, em seus 60 anos de
existência, o fato de ter desenvolvido o setor petroquímico, a produção interna
de combustíveis, a prospecção petrolífera, as riquezas do pré-Sal – que, só no
campo de Libra, gerou US$ 15 bilhões para o país.
O segundo ponto – segundo o Planalto - seria a intenção de,
mais uma vez, enfraquecer a Petrobras com vistas a uma futura privatização.
Por que não o foco na Alstom e Siemens, em um escândalo de
corrupção que já envolveu trinta altos
funcionários do governo de São Paulo, que contou com a complacência do próprio
Tribunal de Contas do Estado?, indaga-se por lá.
Em 2009 o governo encarou uma CPI às vésperas das eleições.
Agora, outra. Só que desta vez haverá o contra-ataque, que consistirá nos
seguintes passos:
1. A CPI terá 20
parlamentares da base e 6 da oposição. Segundo a fonte, serão escalados quadros
qualificados para aprofundar nos temas.
2. Segundo a
fonte, já há jurisprudência permitindo o aditamento de CPIs, visando incluir
outros temas.
3. Os temas que se
pretende agregar são o Metrô de São Paulo (que tem recursos do BNDES e do Banco
Mundial); o porto de Suape, em Pernambuco; a Comgás de Pernambuco, que faz uma ponte
estreita entre o porto e a Refinaria Abreu Lima.
A ideia será começar pelo Metrô de São Paulo, por ser o
episódio mais antigo. E convocar, de cara, o ex-governador José Serra, o atual
governador Geraldo Alckmin e políticos paulistas, como Aloizio Nunes e José
Aníbal.
Segundo a fonte, essa estratégia foi acatada de forma
majoritária pela bancada.
O fator Eduardo Cunha
Considera-se, no Planalto, que os últimos episódios isolaram
o líder do PMDB na Câmara Eduardo Cunha. Outros partidos negociaram com o
governo, assim como a bancada do PMDB no Senado. Os seguidores de Cunha
acabaram ao relento e ele começa a ficar gradativamente isolado.
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