terça-feira, 22 de outubro de 2013

P, DE PARTEIRA

Dona Benedita, 64 anos e um parto pra cada um deles
"Olha, eu acho que eu tive só dois partos que eu tive que dar uma palmadinha no bebê pra ele chorar. O resto, quando botava a cabecinha pra fora, já 'ué, ué,' e eu 'bora, venha  chorar aqui fora'" (Dona Benedita, parteira em Santo Antônio do Descoberto, Goiás)

Por Douglas Portari

Para algumas pessoas, ao conversar com aqueles que realizam o “último serviço” que alguém pode nos prestar (Coveiro, o verbete anterior), logo na primeira entrevista, este projeto teria começado pelo fim. Por isso a decisão de ir ao que seria, então, o início, e conhecer o trabalho de quem traz gente para este mundo, a parteira.

Vai daí que a frase de Chaplin – “há uma coisa tão inevitável quanto a morte, e essa coisa é a vida” – serve como epígrafe para este verbete. Ou, como entendido pela parteira Benedita, afiançada por 64 anos de experiência e 52 anos de partejar, “morte não marca hora nem lugar, vida também não”.

Dona Benedita vive em um pequeno sítio em Santo Antônio do Descoberto, cidadezinha “do Goiás”, como o povo diz, mas considerada parte do Entorno de Brasília pela proximidade, cerca de 50 km da capital federal. Lá almoçamos e conversamos em um domingo de outubro.

Ela é negra, mãe de santo, pobre e orgulhosa de sua trajetória. É o arquétipo das mulheres desse ofício, em geral indígenas ou quilombolas – forte, falante, com pouco estudo formal, maior de 50 anos, e que exerce liderança naturalmente. É parteira tradicional, aquela que aprendeu seu ofício partejando, pegando menino, como elas dizem do ato de fazer o parto. E de graça.


Um comentário:

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