Dona Benedita, 64 anos e um parto pra cada um deles
"Olha, eu acho que eu tive só dois partos que eu tive que dar uma palmadinha no bebê pra ele chorar. O resto, quando botava a cabecinha pra fora, já 'ué, ué,' e eu 'bora, venha chorar aqui fora'" (Dona Benedita, parteira em Santo Antônio do Descoberto, Goiás)
Por Douglas Portari
Para algumas pessoas, ao conversar com aqueles que realizam
o “último serviço” que alguém pode nos prestar (Coveiro, o verbete anterior),
logo na primeira entrevista, este projeto teria começado pelo fim. Por isso a
decisão de ir ao que seria, então, o início, e conhecer o trabalho de quem traz
gente para este mundo, a parteira.
Vai daí que a frase de Chaplin – “há uma coisa tão
inevitável quanto a morte, e essa coisa é a vida” – serve como epígrafe para
este verbete. Ou, como entendido pela parteira Benedita, afiançada por 64 anos
de experiência e 52 anos de partejar, “morte não marca hora nem lugar, vida
também não”.
Dona Benedita vive em um pequeno sítio em Santo Antônio do
Descoberto, cidadezinha “do Goiás”, como o povo diz, mas considerada parte do
Entorno de Brasília pela proximidade, cerca de 50 km da capital federal. Lá
almoçamos e conversamos em um domingo de outubro.
Ela é negra, mãe de santo, pobre e orgulhosa de sua
trajetória. É o arquétipo das mulheres desse ofício, em geral indígenas ou
quilombolas – forte, falante, com pouco estudo formal, maior de 50 anos, e que
exerce liderança naturalmente. É parteira tradicional, aquela que aprendeu seu
ofício partejando, pegando menino, como elas dizem do ato de fazer o parto. E
de graça.
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