sábado, 23 de janeiro de 2010

ENERGIA RENOVÁVEL A PEDRA DE OURO DO NORDESTE BRASILEIRO


Energia renovável, a pedra de ouro do Nordeste brasileiro
No momento em que se fala cada vez mais em fontes de energia limpa e renovável é fundamental aproveitar a oportunidade oferecida pela natureza ao Nordeste.
Paulo Cesar Bastos *


Existe um ditado popular sertanejo: "Vive sentado numa pedra de ouro e não sabe". Isso se aplica à enorme potencialidade energética e produtiva, ainda não devidamente explorada, do semiárido do Nordeste Brasileiro.
O intenso sol nordestino não pode ser considerado um vilão. Na verdade é nosso irmão. O potencial energético do Nordeste, com forte radiação solar próximo à vertical, é um fato extraordinário, sendo mais um presente da natureza ao Brasil e a todos os brasileiros. O semiárido, aproveitada essa sua potencialidade, poderá vir a ser uma das regiões mais prósperas do Brasil.
Enganos e/ou propósitos maldosos procuram difundir a inviabilidade do semiárido brasileiro. Esquecem e/ou fomentam a desinformação sobre a imensa riqueza da árida Califórnia - o mais rico estado americano - ou dos avanços tecnológicos de Israel no trato das questões do árido e do semiárido.
No momento em que se fala cada vez mais em fontes de energia limpa e renovável é fundamental aproveitar a oportunidade oferecida pela natureza ao Nordeste para produzir energia solar e, também, energia eólica e da biomassa.
É indiscutível o imenso potencial energético proporcionado por cerca de 300 dias por ano de forte incidência solar. É imprescindível uma estratégia para o uso racional desse imenso reator natural que é o Sol.
Uma análise econômica clássica não é lógica e adequada para estudar a viabilidade da geração de energia renovável no Nordeste, comparada com as outras formas. A equação precisa ser formulada observando-se diversos fatores como a maximização do desenvolvimento local e a conseqüente minimização do êxodo rural, evitando as contemporâneas tragédias urbanas do desemprego, falta de moradia e violência.
Vale, ainda, ressaltar que a opção por energia renovável, a cada dia, vem criando um cenário viável. Até 2020, a Alemanha planeja gerar 47% de sua eletricidade de fontes limpas. A Espanha, que também possui uma região semiárida, já adota um plano energético que incentiva o uso das energias renováveis. Além disso, a utilização do deserto do Saara para gerar energia e ser levada para a Europa já vem sendo planejada, com estimativas de investimento de 60 bilhões de dólares.
Visto isso, o uso racional dos recursos naturais é uma estratégia política, lógica e ecologicamente correta para assegurar o suprimento da energia necessária aos novos investimentos produtivos que propiciem uma continuidade do nosso desenvolvimento, moderno e sustentável, conciliando o crescimento econômico com preservação ambiental e justiça social.
O grande obstáculo, secular, para essa estratégia desenvolvimentista para o Nordeste, utilizando as suas evidentes e suficientes riquezas naturais, é político. É preciso impulsionar um compromisso republicano para viabilizar um desenvolvimento científico e tecnológico a fim de inserir o semiárido no mapa do progresso e da qualidade de vida.
Colocar no contexto o que já existe no texto. Continuar com a pesquisa (P), mas acelerar e induzir mais o desenvolvimento (D). Inventariar e resgatar o que já existe sobre o tema das energias renováveis e, através de uma forte e permanente extensão tecnológica, levar a ciência, tecnologia e inovação para a produção, gerando benefícios para a sociedade. Esse deve ser o refrão, o mote, para o desafio de redescobrir e construir o nosso Brasil.
Precisamos empreender, cada um de nós, essa árdua tarefa participativa. Compreender os nossos direitos e deveres de cidadania defendendo a verdadeira mudança e transformação, através da educação e do incentivo à capacitação, cooperação, comunicação, compromisso e confiança.
Este artigo é um convite para o bom debate, para a permuta das idéias e o compartilhamento de opiniões e acima de tudo para chamar a atenção para a pedra de ouro que o Nordeste tem na mão. Vamos avançar, construindo o presente com visão de futuro.

* Paulo Cesar Bastos é engenheiro civil e produtor rural.

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