Maurício Stycer
A Paraíso da Tuiuti passou pelo
Sambódromo, neste domingo (11), com um desfile de forte crítica social e
política. O tema principal, expresso no título do samba, “Meu Deus, Meu Deus,
Está Extinta a Escravidão?”, era a ideia de que a exploração dos escravos
prossegue, de outras formas, nos dias atuais.
Na parte final do desfile, um
carro trazia, no alto, um homem com a faixa presidencial, intitulado “vampiro
neoliberalista” – uma alusão crítica ao presidente Michel Temer. Uma ala,
chamada “Manifestoches”, com passistas de patos, sugeria que manifestantes
foram fantoches em protestos políticos. Outra ala lembrava do trabalho
informal, numa referência explícita à reforma trabalhista.
Do camarote da Globo, onde
narravam o desfile, Fátima Bernardes, Alex Escobar e Milton Cunha reagiram com
comedimento ao surpreendente protesto, como se estivessem constrangidos. “As
desigualdades vem vindo até os dias de hoje”, disse Fátima. “Muitas confecções
usam trabalho escravo”, observou. “Os manifestoches”, leu ela, ao ver passar a
ala com os patos, sem dizer mais nada. “Manipulados”, acrescentou Milton.
O constrangimento se repetiu
diante da crítica ao presidente. “O vampirão”, disse Milton. Alex Escobar
apenas riu. E Fátima observou: “É o regime de exploração nos mais diversos
níveis”. Um pouco depois, Escobar disse o que todos viam: “Tá com a faixa de
presidente esse vampiro”. E Fátima idem: “Vampiro neoliberalista”.
Encerrado o desfile, o camarote da
Globo recebeu vários participantes do desfile da Tuiuti – mas nem o vampiro,
nem os “manifestoches” foram assunto das entrevistas.






Nenhum comentário:
Postar um comentário