Numa das passagens mais brilhantes de sua obra, Francesco
Carnelutti afirma que:
“...Um fato é um pedaço de história: e a história é o
caminho que percorrem, desde o nascimento até a morte, os homens e a
humanidade. Um pedaço de caminho, pois. Mas de caminho que se fez, não de
caminho que se pode fazer. Saber se um fato ocorreu ou não quer dizer voltar
atrás. Este voltar atrás é o que se chama fazer história.
Não é um mistério que no processo, e não somente no processo
penal, se faz história. Digo: não é um mistério para os juristas, os quais
desde há muito tempo puseram nele sua atenção; mas pode surpreender o público
em geral, ao qual meu discurso está dirigido. Isto ocorre porque estamos
habituados a examinar a história dos povos, que é a grande história; mas existe
também a pequena história, a história dos indivíduos; inclusive não existiria
aquela sem esta, de igual maneira que não existiria a corda sem os fios que nela
estão enrolados. Quando se fala de história, o pensamento se volta para as
dificuldades que se apresentam para reconstruir o passado; mas não se se tem em
conta a medida, as mesmas dificuldades se devem superar no processo.” (As
Misérias do Processo Penal, Francesco Carnelutti, editora Pillares, São Paulo,
2009, p. 61/62).
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