segunda-feira, 1 de janeiro de 2018

RETROCESSO SOCIAL TERÁ FORÇA NO DEBATE ELEITORAL

Condenação de Lula no TRF-4 não seria fim da novela

Por Kennedy Alencar
Brasília - DF
Neste mês, haverá um episódio importante da eleição presidencial. O Tribunal Regional Federal da 4ª Região, sediado em Porto Alegre, julgará o recurso do ex-presidente Lula contra a condenação do juiz Sergio Moro no caso do apartamento no Guarujá.

Se absolver Lula, a candidatura do ex-presidente se fortalecerá. Por exemplo: setores da base do governo se sentirão mais livres para aderir ao ex-presidente. Sem essa condenação, ficará difícil que qualquer outra eventual sentença negativa tire o petista do páreo.

Mas a hipótese mais provável é a de condenação. Declarações de integrantes do TRF-4 indicam isso, como já fez o relator do recurso, João Pedro Gebran Neto. Se acontecer, a candidatura se enfraquecerá, mas não significará o fim da novela.

Haverá uma disputa entre aqueles que consideram que a Lei da Ficha Limpa invalidaria de vez a pretensão presidencial de Lula e os que pregam que existe possibilidade de recurso para manter a candidatura. Portanto, a indefinição continuará.

O argumento da segurança jurídica é fraco, porque houve tramitação recorde em relação ao processo de Lula nos casos da Lava Jato no TRF-4. Há outros políticos que disputarão cargos importantes que também são acusados perante a Justiça. O STJ analisa eventual abertura de inquérito contra o governador paulista Geraldo Alckmin _o favorito para ser o candidato tucano em 2018. Existem dezenas de políticos investigados, denunciados e processados no âmbito da Lava Jato.

Lula e o PT já deixaram claro que não desistirão da candidatura em caso de decisão negativa no TRF-4. O ex-presidente teve 34% de intenção de voto no último Datafolha. É legítimo que esse grupo, de mais de 34 milhões de eleitores, queira ver o ex-presidente na cédula eleitoral e questione a consistência da sentença de Moro. Logo, a novela da candidatura continuará em cartaz durante meses no ano que vem.

Outro tema fundamental do começo do ano será a reforma da Previdência. Há forte resistência de setores do funcionalismo público que ganham altos benefícios, sobretudo dos magistrados e dos integrantes do Ministério Público.

Se o governo fizer concessões corporativas, dificilmente aprovará a reforma, porque a tornará mais injusta socialmente. Faz sentido fazer uma reforma da Previdência que eleve a idade mínima. Não faz sentido promover uma reforma que prejudique apenas os trabalhadores da iniciativa privada. Convém lembrar que privilégios de servidores públicos não estão sendo cortados, mas amenizados.

A reforma da Previdência será um dos temas mais importantes da eleição. Sem ela, a regra do teto para limitar as despesas públicas será inviabilizada no próximo mandato presidencial. Em 2018, privilégios como supersalários que ultrapassam o teto também serão assunto de destaque no debate público.

Além do combate à corrupção, a eleição servirá para discutir como o Brasil poderá voltar a crescer de forma significativa e como reduzir a desigualdade social. A economia encolheu muito nos últimos anos. Apesar dos sinais de lenta recuperação econômica, o desemprego continua alto. Há um retrocesso social no país que entrará com força no debate eleitoral.
Desejo a todos um excelente 2018!
Ouça o comentário no “Jornal da CBN”:

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