segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

ATESTADO DE FALTA DE ESCRÚPULOS A MORO

Por Francisco Costa

Acabei de ouvir a gravação completa do telefonema gravado por Moro, com a conversa entre Dona Marisa e um dos filhos, o Fábio (Lulinha) que, pelo que tem demonstrado, será o herdeiro político do pai.

Dona Marisa ligou para o Fábio a pedido do Lula, que queria desabafar (“seu pai está aqui possesso, xingando todo mundo”).

Antes de passar o telefone, Dona Marisa iniciou uma conversa, reclamando dos coxinhas que há horas estavam batendo panelas sob as suas janelas.

O filho a tranquilizou: “calma, mãe, nós vamos reverter isso”, referindo-se à perseguição que a família está sofrendo.

Dona Marisa insistiu no assunto, afirmando que os “coxinhas”(sic) não eram de São Bernardo, mas vindo de outras localidades, acrescentando que “o povo de São Bernardo é ordeiro, trabalhador”.

Em outro trecho: “nem a favela se manifestou, é esse pessoal do condomínio novo, que não tem como comprar um apartamento de 500 mil, compra um de 15 mil...”, referindo-se à ingratidão dos beneficiários do Minha Casa Minha Vida.

O filho de Lula, para a mãe: “calma, mulher. Eles têm o direito democrático, constitucional, de bater panelas, deixa eles baterem”, e se seguiu o motivo do vazamento da conversa.

Dona Marisa se acalma um pouco e comenta rindo “ninguém é daqui, nem teu pai é daqui”, referindo-se à origem nordestina de Lula, e dá umas boas risadas. Lula chega, e ela: “fala com teu pai, filho”.

E eu pergunto: o que esse diálogo tem a ver com Lava Jato, Petrobras, Odebrecht, delação premiada, corrupção? Nada!

Tanto a lei que regula a quebra de sigilo telefônico quanto a lei da magistratura são muito específicas e incisivas: nada havendo na gravação que a ligue às investigações, esta deve ser imediatamente apagada, não se prestando a nenhum uso.

Mas Moro entregou a gravação à Globo, que a editou, tirando os elogios ao povo de São Bernardo, a lição de democracia, do Fábio, e a reclamação da ingratidão dos beneficiários do Minha Casa Minha Vida, pondo no ar apenas o motivo da doação da fita.

E que motivo foi esse?

Em determinado momento, muito irritada, ela perguntou ao filho: “porque não enfiam a panela no cu?”

Divulgando a fita, ao invés de apagá-la, como determina a lei que Moro nunca respeitou, com a conivência, complacência e cumplicidade do STF,  ele e a Globo tentaram denegrir a imagem de Dona Marisa, desconstruir a sua imagem de mulher calma, simples, ponderada.

É incrível como um juiz rebaixa-se a nível de fofoqueira de beira de calçada, de Maricota desocupada na esquina, falando da vida alheia, para despindo-se da toga, apesar de se valer dela, agir de maneira tão vulgar, tão infame, tão vil.

É este o ídolo de um bando de alienados manipulados pela Globo, é este que a mídia finge levar a sério, usando-o, é este que corremos o risco de ver ministro no STF, é este o retrato dos tempos sombrios que vivemos, entre medíocres e ladrões, com quase todos reunindo os dois adjetivos.

Os escrúpulos de Moro, ou a ausência de, o faz ir do fascista que expede mandados de condução coercitiva, não antecedidas de citação, à fofoquinhas de Maria Lavadeira.


Emblemático, e triste.

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