Por Fran Alavina
A obra de Glauber Rocha, a farsa de Berlusconi ou a redução
da política contemporânea a publicidade: o que explica melhor as performances
do prefeito de São Paulo?
Após o ano do absurdo, 2017 inicia-se como passagem do
absurdo ao ridículo. A história política mostra que uma vez alcançado o absurdo
fatalmente se chega ao ridículo. Parece ser algo inevitável, como se tratasse
de um aspecto imanente aos períodos de decadência dos regimes políticos. Antes
que Maria Antonieta ridicularizasse os famintos de Paris, a monarquia francesa
havia se refestelado em absurdas pompas e banquetes. Em Roma, Nero não era
menos absurdo que ridículo. Se é verdade que na história as coisas se repetem a
primeira vez como tragédia e a segunda como farsa, não se deixe de reconhecer
que não há tragédia sem algo de absurdo, nem farsa sem algo de ridículo. É
inconteste, pelo menos para aqueles que não perderam o bom senso, que o
prefeito de São Paulo vestido de gari é uma das mais ridículas demagogias que
já se viu. Não que o nosso atual prefeito seja uma figura política ridícula,
porém memorável, como foram Maria Antonieta e Nero. É bem verdade que ante
estes personagens maiores, ele é uma figura menor, quase um anão. Certamente, o
prefeito Doria será lembrando pelos atos ridículos, porém não tem a realeza da
monarca francesa, nem teve como preceptor alguém da envergadura de Sêneca.
Todavia, ser anão entre gigantes do ridículo torna-o ainda mais ridículo. MAIS


Nenhum comentário:
Postar um comentário