O esbulho está consumado, o golpe, não ainda.
O esbulho, para os que não sabem a palavra, é o ato de
privar alguém da posse de algo que é legitimamente seu,por meios violentos ou
clandestinos ou ainda por abuso de confiança.
O cargo de Presidente já foi tomado de Dilma. Não
formalmente, o que nem a votação deste domingo faz, mas politicamente já há
temos, quando se a impediu – e ela acedeu – de governar com o programa e as
forças que a elegeram.
O golpe ainda se vai completar, porque ele depende da
entrada de Michel Temer no exercício do cargo esbulhado de Presidente, para que
comece a se reverter todo o leque de políticas sociais que, por uma década e
meia, progressivamente se desenvolveu.
E aí sim será o golpe, porque terá sido atingida a essência
desta usurpação, levar de volta o Brasil estrutural – e não circunstancialmente
– ao que era no passado.
A caricatura político-parlamentar que assistimos na noite de
domingo mostra o tipo de composição terá o regime espúrio que teremos.
O comportamento do Supremo, sentando em cima do pedido de
afastamento de Eduardo Cunha do comando da Câmara, dá ideia da proteção
judicial que teremos diante deles.
O Brasil foi empurrado ao ridículo.
Imaginem a visão do mundo civilizado diante de uma votação
em que os argumentos mais usados para derrubar um governo eleito são Deus, o
filho fulano, o neto sicrano ( vou pular o “Luciana, meu amor, a Igreja
Quadrangular e o “Valentina, o meu voto é sim”), tudo sob a batuta de um
“presidente do júri” lambuzado da lama da corrupção até a medula.
Investimento estrangeiro? Só em condições coloniais.
Gestão profissional? Com isso?
A “vaca fardada” do General Olímpio Mourão e Costa e Silva
são intelectuais da Sorbonne.
O capital, para reassumir o controle político do país topou
“fazer um programa” com o que há de mais desclassificado na política
brasileira. Não pense que a conta será paga com uns trocados na mesa de
cabeceira.
O Brasil está sendo entregue, chocado e manietado, a uma
corja que, com muita precisão, a deputada Alice Portugual definiu como
“cretinismo parlamentar”
Se dependesse de sua representação parlamentar, o brasileiro
médio seria um Homem de Neanderthal.
Aliás, estou sendo injusto com os neandertais.
Isso não se sustenta, qualquer um verá, exceto pelo uso da
força.
E à força vamos enfrentá-la.
Já não apenas em nome da democracia, mas em nome da
civilização.
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