Moreira de Pinho
Foram muitas as vezes que nos encontramos. Eu ainda muito jovem, ele não auge da maturidade.
"Guarda-livros" como se dizia na época, trabalhava no escritório de Cerqueira & Irmão registrando entrada e saída de mercadorias.
Recordo o poeta com a caneta na mão, o lápis na orelha, e a borracha sobre aquele "risca e rabisca" que decorava sua carteira de trabalho.
Folheando antigos jornais da cidade, encontro sempre lindos versos do poeta, como estes da poesia "Praga", com os quais desejo a todos uma boa noite:
Por todo o grande mal que já fizeste,
A mim que te dei toda a minha vida;
Por tôda a ingratidão que tu me deste,
Pelos carinhos que te fiz, querida;
Por todo grande amôr que não quizeste
Que morasse em tualma adormecida;
Pela tristeza que se torna agreste,
A' brancura sem par de minha lida;
Por todo tempo que perdi sonhando,
- Divino sonho de fatais sonhares, -
E que viveste sempre me enganando;
Pelo bem que te fiz porque te amei,
Has de sentir nos lábios que beijares,
Todo sabor dos beijos que te dei.
(Jornal O Coruja de 17 de Setembro de 1955)
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