Por Tereza Cruvinel
Colunista do 247
Não me lembro de uma palavra, um gesto, um dedinho levantado
do cantor Fabio Júnior contra a ditadura. Agora, graças à democracia que ele
não ajudou a construir, enrola-se na bandeira do Brasil para falar mal do país
no exterior. Na festa do Brazilian Day em Nova York. Achei pela Internet afora
uma boa definição do ocorrido feita pelo Chico Buarque. "Fabio Júnior foi
falar mal do Brasil para os coxinhas que vivem em Nova York porque não gostam
do Brasil".
Vá lá que a festa, mesmo em território estrangeiro, era para
brasileiros, poderia dizer o cantor para justificar sua malhação do Brasil, que
ele reduziu a uma terra de "roubalheira". Vá lá que só agora o coroa
Fabio Junior tenha sentido as indignações cívicas que não sentiu na juventude,
quando cantava canções melosas sem prestar atenção ao som político em seu
redor. Geralmente ocorre o contrário, jovens têm exaltações políticas que se
exaltam com o passar da idade. Mas vá lá que ela não tenha se contido de tão
indignado. Com todas as indulgências, entretanto, não se lhe é possível perdoar
a grosseria, a canastrice, a chulice, enfim, de seu discurso. Depois de uma
torrente de asneiras, depois de conseguir despertar os instintos mais
primitivos da platéia, que inicialmente não se deu por achada, ele saiu-se com
esta, segundo a Folha Online.
"Vocês sabem onde tá aquele dedinho que o Lula perdeu,
né? Onde é que ele enfiou, né? No nosso!".
É muita baixaria. Muito feio para um suposto artista
nacional. E o chiste estúpido nem é novo, nem foi criado por ele.
Fábio Júnior indignado em Nova York? Onde andava o cantor na
ditadura, quando era proibido protestar?
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