Uma imagem chocou parte dos
cristãos no domingo: uma atriz transexual crucificada como Jesus Cristo num
carro na parada gay de São Paulo. Como de costume, oportunistas como o deputado
Marco Feliciano fizeram barulho. “Pegaram os símbolos da minha fé, da fé
cristã, e expuseram publicamente num ato de completa falta de respeito”, disse
ele, num vídeo, pedindo providências.
Acontece que parece estar
escapando a esses cristãos uma ideia muito central na sua própria fé: a do
acolhimento e transcendência na mensagem de seu deus. Como alguns cristãos
explicaram, não se trata de um embate vulgar de símbolos, como se fosse a
adesão a alguma torcida mundana.
Ricardo Alexandre, jornalista pop
protestante, escreveu com propriedade: “o cristianismo é baseado na graça. É uma
das únicas doutrinas comuns entre católicos, protestantes, evangélicos,
pentecostais, anglicanos, episcopais etc. Na verdade, o escritor C.S. Lewis
dizia que a graça é o grande elemento que distingue o cristianismo de todas as
outras religiões. Graça é, por definição, imerecimento. É um movimento de amor
em direção aos que não merecem ser amados. Os cristãos acreditam que foi isso
que Deus fez pelos seres humanos, e os apóstolos diziam que é isso o que
devemos fazer uns pelos outros. Ou seja: os discípulos de Jesus respeitam mesmo
(ou talvez especialmente) quando não são respeitados”.
E RA segue com uma colocação
histórica interessante “Foi isso que motivou o grande racha entre o
cristianismo e o judaísmo, ainda no primeiro século, quando os seguidores de
Jesus se negaram a reagir com violência contra os romanos que, comandados por
Tito, devassaram Jerusalém, colocaram abaixo o maior dos símbolos da sua fé (o
templo) e ainda cunharam um das frases mais cruéis já proferidas por um
comandante vencedor: ‘não há mérito em vencer um povo abandonado por seu
próprio Deus’. Os cristãos do primeiro século se lembravam de seu mestre
abolindo o ‘olho por olho e dente por dente’”. CONTINUE LENDO



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