Por Fernando Brito
Do jornal O Dia:
“Com apenas 11 anos de idade, K. conheceu a intolerância
religiosa na noite de domingo de forma dolorosa. A menina, iniciada no
Candomblé há quatro meses, seguia com parentes e irmãos de santo para um centro
espiritualista na Vila da Penha, quando foi atingida na cabeça por uma pedra,
atirada, segundo testemunhas, por um grupo de evangélicos. Ainda segundo os
relatos, momentos antes, eles xingaram os adeptos da religião de matriz
africana.
“Eles gritaram: ‘Sai Satanás, queima! Vocês vão para o
inferno’. Mas nós não demos importância. Logo depois, o pedregulho atingiu
minha neta e, enquanto fomos socorrê-la, eles fugiram em um ônibus”, contou a
avó da menina, Kathia Coelho Maria Eduardo, de 53 anos, conhecida na religião
como Vó Kathi”.
Está na hora de as igrejas protestantes de gente de bem – e
não de picaretas fanatizadores – lembrarem o que fez a intolerância religiosa
contra eles próprios. A Noite de São Bartolomeu, na França, a Grande Expulsão,
na Inglaterra, os conflitos armados na Alemanha e as que envergonham – como
envergonha a Católica a barbárie da Inquisição – a própria história do
protestantismo, como o massacre de Salem, no século 18, no EUA.
Porque, seja qual for a religião ou a não-religião, quem
apedreja uma criança não o faz em nome da fé.
E que, se disser que tem alguma, certamente não é em algum
deus que deva ser cultuado.


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