terça-feira, 21 de abril de 2015

UM MÉDICO-LEITOR NOS CONFINS

Por Milton Hatoum
Pescamos aracus e oranas, e devolvemos às águas do Negro os filhotes de matrinxã e piranha-caju. Se fossem piranhas crescidas, dariam uma deliciosa caldeirada com pirão apimentado.
As crianças, impressionadas com as piranhas, perguntaram se eram perigosas.
“Assim miudinhas, não”, disse Absalão. “Quer dizer, se tiver sangue na água, aí até essas miúdas atacam.”
Já escurecia quando guardamos os caniços; depois Absalão foi limpar os peixes. Nosso barco estava atracado numa ilha do Negro, uma das centenas de ilhas que surgem no verão e sobrevivem até março ou abril, quando são cobertas pela enchente e o rio torna-se um mundo de águas escuras e nem sempre espelhadas.
Só às oito da noite vi na popa do barco um rastro de sangue que sumia na escadinha que conduz ao porão das máquinas. Desci para saber o que tinha acontecido.
“Tava amolando as facas e vacilei”, lamentou Absalão
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