Por Fernando Brito
Deixei para comentar hoje porque é irrelevante a olhos
vistos a matéria da Folha de ontem que diz que a anunciada fusão entre o PTB e
o DEM seria uma “união que juntaria herdeiros de Getúlio e Lacerda“.
Pura tolice.
Nem os de um, nem os de outro.
O “varguismo” ou o trabalhismo já não pertencem a partido
algum. Enquanto havia Brizola, certamente grande parte dele estava com ele no
PDT, mas nem assim todo ele.
Se alguém pode dizer que tem dele o sentido histórico é
Lula, nem mesmo o PT.
E a UDN e o lacerdismo – deus meu! – será preciso olhar
muito para ver onde estão?
Onde está a classe média urbana, a elite, os “punhos de renda”,
o delírio anticomunista sobre tudo, o moralismo como razão bastante e
suficiente de desejar a quebra da normalidade institucional e o apelo ao golpe?
Há cinco anos, meu velho companheiro de redação, Argemiro
Ferreira, escreveu na Carta Capital que, no Brasil, “um Alzheimer singular, indiferente à idade,
apaga a memória de políticos da oposição e do jornalismo a serviço deles. Em
razão do fenômeno, uma geração menos jovem, resistente àquele mal, tenta, nem
sempre com sucesso, devolver-lhes a memória recordando lições da história
recente“.
E revelava o agora obvio, que o PSDB é a UDN do século 21.
Mais, já antevia a tentação lacerdista diante de Aécio
Neves.
“O estilo Aécio, oposto a um PSDB udeenizado e golpista,
privilegiaria acordo e não confronto. O avô sempre teve a UDN como adversária.
Sofreu ao lado de Vargas o assalto final dos golpistas sem votos. A aposta
tucana, menos nas urnas do que no golpe apoiado no poder da mídia e na ilusão
do tapetão judiciário, pode recomendar rumo diferente a Aécio”.
Não apenas recomendou como este, claramente, o assumiu.
E move-se para, com este mote lacerdista, tomar o controle
do partido de seus donos paulistas.
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