Por Fernando Brito
Quem tem filhos, se não sabe, pode imaginar a dor da perda
de um deles.
Quem faz jornalismo, não pode se acostumar à ideia de que
algo seja “abafado” por algum tempo, por razões políticas, por mais respeitável
que seja a dor de alguém.
É a morte de um ser humano e isso não deve provocar senão
dor, seja quem for.
Quando vi a notícia de que
havia no acidente “um filho de uma autoridade”, às 19:30 h, no JB,
pensei até que pudesse ser um familiar de Lula.
O dono do helicóptero,
José Seripieri Junior, dono da Qualicorp, era também amigo de Lula.
A direita não hesitava em fazer banzé com essa amizade.
Diogo Mainardi e seu parceiro de Veja, Mário Sabino, há
quatro dias, faziam insinuações sobre o uso de aeronaves de Seripieri por Lula.
É possível que muitos estivessem festejando, nas redes, se
fosse de outro o filho morto.
Quem já andou muito de helicóptero, como eu, infelizmente
voei, sabe que isso é uma comunidade de entusiastas, que eu costumava chamar de
“surfistas de hélice”.
Não se perde uma chance de voar.
E, às vezes, como aconteceu a este rapaz de 31 anos, por
isso perde-se a vida.
Alckmin pode e deve merecer todas as críticas, sim, mas não
pela morte de um filho, nesta hora.
Ser de esquerda é não praticar os métodos que a direita
estaria usando, neste momento.
Ser de esquerda é ser solidário à dor de todo ser humano.
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