quarta-feira, 21 de setembro de 2011

NO DIA EM QUE EU VIM-ME EMBORA


"No dia em que eu vim-me embora,
minha mãe chorava em ai,
minha irmã chorava em ui
e eu nem olhava pra trás.
No dia em que eu vim-me embora,
não teve nada de mais.
Mala de couro forrada
com pano forte, brim cáqui,
minha 'vó já quase morta,
minha mãe até a porta,
minha irmã até a rua
e até o porto meu pai.
O qual não disse palavra
durante todo o caminho
e quando eu me vi sozinho,
vi que não entendia nada,
nem de pro que eu ia indo,
nem dos sonhos que eu sonhava.
Senti apenas que a mala
de couro que eu carregava,
embora estando forrada,
fedia, cheirava mal.
Afora isto ia indo,
atravessando, seguindo,
nem chorando, nem sorrindo,
sozinho pra Capital".(Caetano Veloso)

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