"Raimundo, Ronaldo e Tarcízio, sem nenhum constrangimento, caminham marchando firmes para o meu sepultamento. 'O que a eles posso deixar?', pergunto. Gritam os senhores governantes: 'Fundeb, Fundeb! Vamos nos deleitar!' Mas dividam com igualdade. Nada de truques nem espertezas, pois empresa é o que não falta de olho nesta riqueza.”
O trecho acima faz parte do Testamento da Educação, que um grupo de professores da rede municipal de ensino enterrou simbolicamente na manhã de hoje (17). O caixão circulou pelo centro da cidade, com direito a ser velado na frente da prefeitura e dentro do plenário da Câmara.
Como mostra o trecho do “testamento” que destaquei, os professores que assinaram a autópsia dividem igualitariamente entre o secretário da pasta e os prefeitos (o atual e o ex), a responsabilidade pela morte.
O principal argumento hoje dos professores reside na elevação da receita na área sem que se tenha uma clareza sobre como o dinheiro é gasto. Ou, quando se sabe onde foi o gasto, consideram que foi de má qualidade. O mote exposto nas camisas do luto e em adesivos pregados nelas é: “Dinheiro mal aplicado na educação municipal emperra a melhoria do ensino e a valorização do magistério”. Uma das faixas no protesto compara a média mensal de receita municipal (R$ 12 milhões) com o piso salarial do professor (R$ 603,75 para 20 horas).
Os manifestantes criticam a compra de computadores, muitos ainda encaixotados nas escolas sem instalação, os bebedouros que fabricam água – pouca – a partir do ar, as lousas digitais, os livros de Ziraldo, os jornais A Tarde. Investimentos cujos resultados são insatisfatórios ou invisíveis segundo dirigentes da APLB e lideranças informais dos professores fora do sindicato.
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