quarta-feira, 15 de janeiro de 2025

ADILSON SIMAS: UM JORNALISTA QUE VIVEU O JORNALISMO

 

Durante mais de meio século, ele percorreu os caminhos da notícia, numa época de muita movimentação e descobertas, que fascinava os que nela se aventuravam. Viveu a política de perto, amou o Fluminense de Feira, falou de polícia e sociedade, passou por microfones, sem esquecer a velha máquina de escrever. Dedicou-se à família e aos amigos, mas toda história tem fim!

Não apenas os jornais impressos, como muitos daqueles que os fizeram valorosamente, vão desaparecendo rapidamente, e, como a acompanhar a indesejada desertificação do planeta, a cada dia esgotam-se as reservas humanas de uma geração. No domingo, dia 12 deste mês, desligou-se definitivamente da velha máquina de datilografia que tanto usou, e dos modernos equipamentos sucedâneos, o jornalista Adilson Simas. Itaberabense, nascido em 24 de agosto de 1947, jamais alguém o diria não feirense, ao menos que conhecesse de perto a sua origem.

Veio para a cidade princesa muito jovem, com a família, em 1956, fixando-se no Nagé. Com a natural energia e disposição da benigna juventude, começou a trabalhar, tendo como uma das primeiras ocupações a comercialização de ovos. No colégio, logo mostrava facilidade na redação e se associava a colegas na elaboração dos salutares jornais estudantis que tanto propiciaram a revelação de bons jornalistas.

Ingressou no Jornal Situação, órgão informativo surgido nesta cidade, enquanto trabalhava na Transportadora Interbrasil, liderada pelo comerciante Gilberto Costa, que tinha sede na Praça da Bandeira, ao lado da agência do extinto Banco da Bahia. Na década de 1970, com o surgimento em Feira de Santana da Sucursal do Diário de Notícias, pertencente aos Diários Associados, do célebre jornalista e empresário Assis Chateaubriand, foi convidado pelo jornalista Antônio José Larangeira, passando a integrar a equipe do DN, sediada no edifício onde hoje funciona uma loja de eletrodomésticos, esquina da Praça da Bandeira com a Rua Marechal Deodoro.

Texto limpo, objetivo, sem intemperança, logo garantiu seu lugar junto a profissionais experientes, atuando com igualdade na cobertura dos fatos do dia a dia na cidade nas áreas policial, esportiva, social ou o que fosse. Com essa natural disposição, Adilson Simas tornou-se um profissional respeitado, tendo atuado no Feira Hoje, Folha do Norte, Tribuna da Bahia, Diário da Feira, Tribuna Feirense e Folha do Estado.

Profundo conhecedor da política local, foi assessor de comunicação da Prefeitura Municipal no governo do prefeito Colbert Martins da Silva, do qual desfrutou de extremada amizade. Integrante do PMDB, chegou a experimentar o apaixonante início de trajetória para o Legislativo Municipal, mas não foi adiante, preferindo ver a Casa da Cidadania com o olhar de um experiente jornalista. Torcedor do Fluminense local, Adilson Simas lançou em dezembro de 1971, o livro "A História do Fluminense de Feira", com um relato completo do trajeto do Touro do Sertão no Campeonato Baiano de Profissionais a partir de 1954 até 1969 – incluindo os dois títulos estaduais –, jogos amistosos, diretorias, nomes dos atletas, excursões, enfim, o que houve de mais importante.

Todos os detalhes dos títulos do tricolor no campeonato estadual fazem parte desse livro, até hoje muito procurado por torcedores do Touro, o que motivou a segunda edição lançada em 2014. É seu também o livro "Túnel do Tempo". Adilson Simas teve participação em programas radiofônicos nas linhas esportiva e social nas rádios Carioca e Sociedade, nesta última com um programa voltado para a Sociedade Feirense, ao lado de Antônio José Larangeira.

Mesmo sem desfrutar de boa saúde ultimamente, mantinha-se ativo através do blogue Por Simas e uma coluna em jornal. Também foi o criador da coluna Feira em História, no site oficial da Prefeitura de Feira de Santana. Adilson estava internado na UTI do Hospital Mater Dei Emec, com insuficiência respiratória, falecendo no domingo (dia 12), sendo sepultado na manhã do dia seguinte (dia 13) nesta cidade. Adilson deixou viúva a senhora Anita Simas, sua dedicada consorte há 55 anos, e os filhos Ana Paula, Alexandre e Andressa. Deixou também o vazio que só as pessoas verdadeiramente boas, amigas e simples no seu viver – independente de profissão – são capazes de deixar. No jornalismo feirense, uma saudade!

Por Zadir Marques Porto

 

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