Durante mais de meio século, ele
percorreu os caminhos da notícia, numa época de muita movimentação e
descobertas, que fascinava os que nela se aventuravam. Viveu a política de
perto, amou o Fluminense de Feira, falou de polícia e sociedade, passou por
microfones, sem esquecer a velha máquina de escrever. Dedicou-se à família e
aos amigos, mas toda história tem fim!
Não apenas os jornais impressos,
como muitos daqueles que os fizeram valorosamente, vão desaparecendo
rapidamente, e, como a acompanhar a indesejada desertificação do planeta, a
cada dia esgotam-se as reservas humanas de uma geração. No domingo, dia 12
deste mês, desligou-se definitivamente da velha máquina de datilografia que
tanto usou, e dos modernos equipamentos sucedâneos, o jornalista Adilson Simas.
Itaberabense, nascido em 24 de agosto de 1947, jamais alguém o diria não
feirense, ao menos que conhecesse de perto a sua origem.
Veio para a cidade princesa muito
jovem, com a família, em 1956, fixando-se no Nagé. Com a natural energia e
disposição da benigna juventude, começou a trabalhar, tendo como uma das
primeiras ocupações a comercialização de ovos. No colégio, logo mostrava
facilidade na redação e se associava a colegas na elaboração dos salutares
jornais estudantis que tanto propiciaram a revelação de bons jornalistas.
Ingressou no Jornal Situação, órgão
informativo surgido nesta cidade, enquanto trabalhava na Transportadora
Interbrasil, liderada pelo comerciante Gilberto Costa, que tinha sede na Praça
da Bandeira, ao lado da agência do extinto Banco da Bahia. Na década de 1970,
com o surgimento em Feira de Santana da Sucursal do Diário de Notícias,
pertencente aos Diários Associados, do célebre jornalista e empresário Assis
Chateaubriand, foi convidado pelo jornalista Antônio José Larangeira, passando
a integrar a equipe do DN, sediada no edifício onde hoje funciona uma loja de
eletrodomésticos, esquina da Praça da Bandeira com a Rua Marechal Deodoro.
Texto limpo, objetivo, sem
intemperança, logo garantiu seu lugar junto a profissionais experientes,
atuando com igualdade na cobertura dos fatos do dia a dia na cidade nas áreas
policial, esportiva, social ou o que fosse. Com essa natural disposição,
Adilson Simas tornou-se um profissional respeitado, tendo atuado no Feira Hoje,
Folha do Norte, Tribuna da Bahia, Diário da Feira, Tribuna Feirense e Folha do
Estado.
Profundo conhecedor da política
local, foi assessor de comunicação da Prefeitura Municipal no governo do
prefeito Colbert Martins da Silva, do qual desfrutou de extremada amizade.
Integrante do PMDB, chegou a experimentar o apaixonante início de trajetória
para o Legislativo Municipal, mas não foi adiante, preferindo ver a Casa da
Cidadania com o olhar de um experiente jornalista. Torcedor do Fluminense local,
Adilson Simas lançou em dezembro de 1971, o livro "A História do
Fluminense de Feira", com um relato completo do trajeto do Touro do Sertão
no Campeonato Baiano de Profissionais a partir de 1954 até 1969 – incluindo os
dois títulos estaduais –, jogos amistosos, diretorias, nomes dos atletas,
excursões, enfim, o que houve de mais importante.
Todos os detalhes dos títulos do
tricolor no campeonato estadual fazem parte desse livro, até hoje muito
procurado por torcedores do Touro, o que motivou a segunda edição lançada em
2014. É seu também o livro "Túnel do Tempo". Adilson Simas teve
participação em programas radiofônicos nas linhas esportiva e social nas rádios
Carioca e Sociedade, nesta última com um programa voltado para a Sociedade
Feirense, ao lado de Antônio José Larangeira.
Mesmo sem desfrutar de boa saúde
ultimamente, mantinha-se ativo através do blogue Por Simas e uma coluna em
jornal. Também foi o criador da coluna Feira em História, no site oficial da
Prefeitura de Feira de Santana. Adilson estava internado na UTI do Hospital
Mater Dei Emec, com insuficiência respiratória, falecendo no domingo (dia 12),
sendo sepultado na manhã do dia seguinte (dia 13) nesta cidade. Adilson deixou
viúva a senhora Anita Simas, sua dedicada consorte há 55 anos, e os filhos Ana
Paula, Alexandre e Andressa. Deixou também o vazio que só as pessoas
verdadeiramente boas, amigas e simples no seu viver – independente de profissão
– são capazes de deixar. No jornalismo feirense, uma saudade!
Por Zadir Marques Porto
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