Por Alvaro Campos
Meu coração é
um almirante louco
Que abandonou
a profissão do mar
E que a vai
relembrando pouco a pouco
Em casa a
passear a passear...
No movimento
(eu mesmo me desloco
Nesta cadeira,
só de o imaginar)
O mar
abandonado fica em foco
Nos músculos
cansados de parar.
Há saudades
nas pernas e nos braços.
há saudades no
cérebro por fora.
Há grandes
raivas feitas de cansaços.
Mas — esta é
boa! — era do coração
Que eu
falava... e onde diabo estou eu agora
Com almirante
em vez de sensação?...
12-10-1931?
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Álvaro de
Campos - Livro de Versos . Fernando Pessoa. (Edição crítica. Introdução,
transcrição, organização e notas de Teresa Rita Lopes.) Lisboa: Estampa,
1993. - 148.
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