sexta-feira, 8 de dezembro de 2023

“SONHO PARA UMA FEIRA DO FUTORO


 

NAQUELA FEIRA

Sexta-feira, no CDL, com grande presença, a professor Adnil Falcão autografou o livro “Olhares Sobre Newton Falcão”, narrando a trajetória do seu pai. que entre tantas atividades foi prefeito de Feira eleito em novembro de 1970. No décimo e ultimo capitulo, inúmeros depoimentos “Outros Olhares...”, começando com “Sonho para uma Feira do Futuro”, deste observador da vida feirense.

 

                        Por força de mudança na legislação, determinando que prefeitos e vereadores eleitos 1970 tivessem mandatos de apenas dois anos, muitos políticos pelo país afora adiaram o sonho de um dia assumir a Prefeitura de sua cidade, deixando os dois  partidos existentes em dificuldades. Em Feira não foi diferente.

                        A Arena, por exemplo, tinha um quadro qualificado e amplo. Três deputados e oito vereadores, além de inúmeros partidários no primeiro escalão da Prefeitura e em órgãos importantes do governo estadual. Seu candidato, entretanto, não foi nenhum dos militantes que estavam atuando no legislativo ou no executivo.

                        Homem de negócios que nunca havia disputado uma eleição coube a Newton da Costa Falcão a tarefa de representar seu partido na sucessão municipal. Imagino duas razões que o levaram a abraçar a causa: a resposta sempre positiva do eleitorado à Família Falcão em todas as disputas eleitorais que participou e o seu amor a terra onde nasceu.

                        A primeira razão se confirmou com o resultado das urnas, ao ser proclamado vencedor. A segunda veio  com o anuncio do secretariado dias antes da posse. Entre os nomes, o do o professor Antonio Manuel de Araújo, para a Secretaria de Finanças, a pasta mais importante da estrutura administrativa da Prefeitura.

                        Ao anunciar um ex-vereador, ex-candidato a prefeito e principalmente membro do “primeiro time” do MDB, partido adversário, Newton Falcão ensinou que numa cidade com vocação de metrópole, acima das disputas  paroquiais estava a necessidade de formar uma grande equipe para comandar seu destino.

                        O curto mandato de Newton Falcão iniciado em 31 de janeiro de 1971, coincidiu com o meu ingresso na sucursal do “Diário de Notícias” para cobrir o noticiário geral da cidade, já que no jornal “Feira Hoje” atuava como repórter esportivo.

                        Foram dois anos acompanhando seu governo ao lado de Edival Souza, Lucilio Bastos, Socorro Pitombo, Zadir Porto e outros companheiros. Afora quando estava em viagem de trabalho, todas as tardes, ao lado a filha Adnil que chefiava o gabinete, o alcaide nos recebia. Falava da rotina administrativa, dos projetos em andamento e do seu sonho para a Feira do futuro.

                        Recordo Newton prefeito, pensando no amanhã de sua terra. Sem nunca perder a esperança, foram dois anos batendo na porta de órgãos estadual e federal pela implantação das redes de esgotos sanitários e de águas pluviais. À sua luta a  Feira deve o inicio das duas importantes obras.

                         Com cerca de 130 mil habitantes na sede - l90 mil em todo município conforme o IBGE,  a cidade vivia um tempo de progresso e já avançava o “anel de contorno” com a sua vocação pelo  crescimento  horizontalmente.

              Quanto mais a cidade assim se expandia,  mais Newton se empenhava por obras de saneamento. Tão obstinado que não cansava de repetir sem medo de perdas políticas, mas pensando acima de tudo no futuro: “Não calçarei nenhuma rua enquanto os serviços não forem implantados”.            

                        Em todas as ações de Newton se evidenciava a presença de um prefeito pensando no amanhã da cidade. Seu primeiro ato foi enviar a câmara projeto de lei majorando os salários dos servidores, incluindo os garis, pois até então todo funcionalismo recebia menos de um salário mínimo. O ultimo, também visando o funcionalismo, foi deixar pronta a folha do 13º salário antes nunca pago.

 

                        Newton fez da Feira a primeira cidade baiana depois da capital a introduzir o taxímetro no transporte individual de passageiros e executou um amplo plano de urbanização com a construção de várias praças, culminando com a primeira grande reforma da Praça da Catedral e a transformação da Praça Padre Ovídio, com uma moderna fonte luminosa, em ponto de encontro da gente feirense.

                       Viajo no tempo, retorno ao começo dos anos setenta e reencontro os munícipes, curiosos, rumando em direção ao Paço Municipal, onde muitos já aplaudem com orgulho, o caminhão que acaba de chegar trazendo uma enorme máquina, que alguém detalha como sendo um L-2000.

                        Era o prefeito Newton Falcão colocando a administração pública do município na era do computador... (Adilson Sima  

Nenhum comentário:

Postar um comentário