segunda-feira, 18 de dezembro de 2023

FEIRA ONTEM



EM 14 de maio de 1976, a cidade recebeu a visita do presidente da Republica, Ernesto Geisel, aqui permanecendo praticamente durante toda a manhã.

 

UMA semana antes, a jornal “Feira Hoje”, edição de sexta-feira, 7, já anunciava: “Chegam hoje a esta cidade os batedores da Companhia de Policia do Exercito da 6ª Região Militar e do 4º Batalhão do  Exército de Recife encarregados de proteger o presidente”.

 

COMO o ano era eleitoral e a Arena era o partido que dava sustentação ao regime, seus lideres locais trataram de assumir a organização da visita presidencial, deixando de fora da programação a autoridade maior da cidade, o prefeito José Falcão, do MDB.

 

TANTO assim que na mesma edição do dia 7, o jornal informava que no dia anterior, Ângelo Mário Silva, presidente local da Arena, promoveu ampla reunião no auditório do Hospital Dom Pedro de Alcântara “para tratar da visita de Geisel”.

 

A NOTA cita alguns dos presentes convocados pelo partido. Além dos dirigentes dos principais órgãos públicos do Estado e da União existentes na cidade, também compareceram representantes de entidades como Associação Comercial, Centro das Indústrias e CDL.

 

LOGO em seguida as emissoras de rádio e também os jornais, começaram a divulgar nota das entidades patronais convidando para a “grande concentração”, e anunciando o fechamento do comercio e da indústria durante a estada do presidente.

 

GEISEL passou a ser o quarto presidente no exercício do mandato a visitar Feira de Santana. O primeiro foi Getulio Vargas durante o Estado Novo, vindo pela ordem Juscelino Kubitschek em janeiro de 1957 e Castelo Branco em março de 1967. 

 

ALÉM de inaugurar a Fábrica de Pneus Tropical, no Núcleo Piloto do Subaé (BR/324), veio anunciar em comício na Praça João Pedreira, a conclusão da duplicação da Feira-Salvador e a implantação da rede de esgotos sanitários.   

 

CHEGOU de helicóptero e pisou na terra de Santana pouco antes das 9 horas, acompanhado do governador Roberto Santos, alguns ministros e assessores militares e civis. Outros ministros e outras autoridades chegaram utilizando a BR/324.

 

DONA Lucy, a primeira-dama e a filha Amália Geisel, que sempre acompanharam o general presidente, cumpriram programa a parte, em Salvador, ao lado da primeira-dama do Estado, Maria Amélia Santos. O Museu de Arte Sacra foi um dos pontos visitados.

 

 APÓS o ato inaugural de Pneus Tropical (hoje Pirelli), o presidente se dirigiu a Praça João Pedreira para falar ao povo feirense. Antes a multidão ouviu discursos de ministros, entre eles Dirceu Nogueira, dos Transportes e do governador Roberto Santos.

 

VALE frisar que o mercado não funcionou. A arrumação para a feira-livre de sábado em volta do mercado só começou quando terminou a concentração. O pedido para o seu fechamento foi feito ao prefeito pelo comandante João Longuinhos, do1ºBPM/FS.

 

PARA os arenistas o melhor momento da fala foi quando o presidente ergueu o braço de Ângelo Mário e disse que ele seria o candidato seu e do partido para ganhar as eleições. O gesto, fotografado, foi a principal peça publicitária da campanha do partido.

 

APÓS o ato popular Geisel voltou a Pneus Tropical onde almoçou. Na seqüência retornou a Salvador e por volta das 14 horas regressou a Capital Federal. Alguns membros da comitiva ficaram mais tempo na cidade discutido a sucessão municipal. Entre eles o presidente nacional da Arena, o senador Francelino Pereira.

 

A NOTA triste da visita de Geisel – uma deselegância na verdade, foi a tentativa de evitar a presença do prefeito José Falcão no ato público. Em que pese o gesto político do presidente anunciando apoio a Ângelo Mário, candidato da Arena, o motivo maior da visita foi o anuncio de obras para a população de um modo geral.

 

PARTIU da Arena a idéia de isolar o prefeito da visita oficial, por uma razão muito simples. Dois dias antes da chegada do presidente o partido ainda não tinha candidato, porque o deputado Augusto Matias, o primeiro sondado, havia  desistido.

 

NA QUINTA, um dia antes da visita, o governador Roberto Santos chamou os arenistas locais ao Palácio e exigiu que todos se unissem em torno de um candidato já, pois esse era o desejo do presidente, ao visitar o maior colégio eleitoral do interior baiano.

 

HOUVE a reconciliação dos Falcão (Wilson Falcão) com ACM que tinha na cidade João Durval como porta voz maior: Ângelo Mário foi proclamado e com candidato da unidade e todos abraçados se apresentaram a Geisel no mesmo palanque. Óbvio que não poderia haver espaço para o emedebista José Falcão.

 

A UNIÃO de todos os arenistas não impediu que o MDB de Falcão, tendo  Colbert Martins, como candidato a prefeito, vencesse a eleição de ponta a ponta.

 

NO MAIS, aquela não foi a primeira visita de Ernesto Geisel a Feira de Santana. Nove anos antes, em 1967, como Chefe da Casa Militar,  ele aqui esteve acompanhando o Marechal Castelo Branco, primeiro presidente da ditadura militar implantada em 31 de março de 1964...

 

 

 

 

 

  

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