EM 14 de maio de 1976, a cidade recebeu a visita do
presidente da Republica, Ernesto Geisel, aqui permanecendo praticamente durante
toda a manhã.
UMA semana
antes, a jornal “Feira Hoje”, edição de sexta-feira, 7, já anunciava: “Chegam
hoje a esta cidade os batedores da Companhia de Policia do Exercito da 6ª
Região Militar e do 4º Batalhão do
Exército de Recife encarregados de proteger o presidente”.
COMO o ano era
eleitoral e a Arena era o partido que dava sustentação ao regime, seus lideres
locais trataram de assumir a organização da visita presidencial, deixando de
fora da programação a autoridade maior da cidade, o prefeito José Falcão, do
MDB.
TANTO assim
que na mesma edição do dia 7, o jornal informava que no dia anterior, Ângelo
Mário Silva, presidente local da Arena, promoveu ampla reunião no auditório do
Hospital Dom Pedro de Alcântara “para tratar da visita de Geisel”.
A NOTA cita
alguns dos presentes convocados pelo partido. Além dos dirigentes dos
principais órgãos públicos do Estado e da União existentes na cidade, também
compareceram representantes de entidades como Associação Comercial, Centro das
Indústrias e CDL.
LOGO em
seguida as emissoras de rádio e também os jornais, começaram a divulgar nota
das entidades patronais convidando para a “grande concentração”, e anunciando o
fechamento do comercio e da indústria durante a estada do presidente.
GEISEL passou
a ser o quarto presidente no exercício do mandato a visitar Feira de Santana. O
primeiro foi Getulio Vargas durante o Estado Novo, vindo pela ordem Juscelino
Kubitschek em janeiro de 1957 e Castelo Branco em março de 1967.
ALÉM de
inaugurar a Fábrica de Pneus Tropical, no Núcleo Piloto do Subaé (BR/324), veio
anunciar em comício na Praça João Pedreira, a conclusão da duplicação da Feira-Salvador
e a implantação da rede de esgotos sanitários.
CHEGOU de
helicóptero e pisou na terra de Santana pouco antes das 9 horas, acompanhado do
governador Roberto Santos, alguns ministros e assessores militares e civis. Outros
ministros e outras autoridades chegaram utilizando a BR/324.
DONA Lucy, a
primeira-dama e a filha Amália Geisel, que sempre acompanharam o general presidente,
cumpriram programa a parte, em Salvador, ao lado da primeira-dama do Estado,
Maria Amélia Santos. O Museu de Arte Sacra foi um dos pontos visitados.
APÓS o ato inaugural de Pneus Tropical (hoje
Pirelli), o presidente se dirigiu a Praça João Pedreira para falar ao povo
feirense. Antes a multidão ouviu discursos de ministros, entre eles Dirceu Nogueira,
dos Transportes e do governador Roberto Santos.
VALE frisar
que o mercado não funcionou. A arrumação para a feira-livre de sábado em volta
do mercado só começou quando terminou a concentração. O pedido para o seu fechamento
foi feito ao prefeito pelo comandante João Longuinhos, do1ºBPM/FS.
PARA os
arenistas o melhor momento da fala foi quando o presidente ergueu o braço de
Ângelo Mário e disse que ele seria o candidato seu e do partido para ganhar as
eleições. O gesto, fotografado, foi a principal peça publicitária da campanha
do partido.
APÓS o ato
popular Geisel voltou a Pneus Tropical onde almoçou. Na seqüência retornou a
Salvador e por volta das 14 horas regressou a Capital Federal. Alguns membros
da comitiva ficaram mais tempo na cidade discutido a sucessão municipal. Entre
eles o presidente nacional da Arena, o senador Francelino Pereira.
A NOTA triste da
visita de Geisel – uma deselegância na verdade, foi a tentativa de evitar a
presença do prefeito José Falcão no ato público. Em que pese o gesto político
do presidente anunciando apoio a Ângelo Mário, candidato da Arena, o motivo
maior da visita foi o anuncio de obras para a população de um modo geral.
PARTIU da
Arena a idéia de isolar o prefeito da visita oficial, por uma razão muito
simples. Dois dias antes da chegada do presidente o partido ainda não tinha
candidato, porque o deputado Augusto Matias, o primeiro sondado, havia desistido.
NA QUINTA, um
dia antes da visita, o governador Roberto Santos chamou os arenistas locais ao
Palácio e exigiu que todos se unissem em torno de um candidato já, pois esse
era o desejo do presidente, ao visitar o maior colégio eleitoral do interior
baiano.
HOUVE a
reconciliação dos Falcão (Wilson Falcão) com ACM que tinha na cidade João
Durval como porta voz maior: Ângelo Mário foi proclamado e com candidato da
unidade e todos abraçados se apresentaram a Geisel no mesmo palanque. Óbvio que
não poderia haver espaço para o emedebista José Falcão.
A UNIÃO de
todos os arenistas não impediu que o MDB de Falcão, tendo Colbert Martins, como candidato a prefeito,
vencesse a eleição de ponta a ponta.
NO MAIS,
aquela não foi a primeira visita de Ernesto Geisel a Feira de Santana. Nove
anos antes, em 1967, como Chefe da Casa Militar, ele aqui esteve acompanhando o Marechal Castelo
Branco, primeiro presidente da ditadura militar implantada em 31 de março de
1964...

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