Fernando Brito
A entrevista de Simone Tebet ao Jornal Nacional foi
exatamente igual à sua candidatura: não atraiu nem empolgou quem quer que seja.
E, é claro, nada a ver com o fato de ser mulher – e
francamente, este negócio de ter “coração de mãe” e “saber cuidar da casa” não
é mais só o que as mulheres têm a dizer na vida pública e na política, faz
muito tempo.
E, até que seus discursos passaram a incorporá-la, não faz
muito tempo, nem mesmo militância contra as discriminações de gênero.
A entrevista de William Bonner e Renata Vasconcelos mais
mereceria o nome de “questionário”: perguntas genéricas e irrelevantes a alguém
que, há quase oito anos no Senado deveria ter algo a dizer, mas não disse. Por
exemplo: ter votado a favor da derrubada da primeira mulher a presidir o
Brasil, os direitos sociais das empregadas domésticas, direitos reprodutivos e
muito mais.
Também não foi tratada a trajetória da tal 3a. Via, da qual
ela foi a sobra minguada do que se vendia como um grande movimento do tal
“centro democrático”, expressão que agora só ela lembra, pois a grande mídia
esqueceu.
Até na economia, foi um zero, pois poderia ter falado, como
dona de grandes fazendas, uma dela em terra disputadas por indígenas
Guarani-Kaiowá. Seria uma oportunidade de ouvirmos algo sobre o “agro-pop”
trazido à tona na entrevista com Lula.
É que Tebet, embora seja uma pessoa gentil e educada, não tem
trajetória política, ideias ou representatividade que lhe emprestem um
significado maior. Foi, digamos, um “horário expandido” de candidata a
deputada.
Entrou com 2% e, assim, não precisou de muito para continuar por aí.
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