Por Fernando Brito
Lula, aprisionado há 579 dias em Curitiba, vai relutar muito
em pedir que seus advogados apresentem amanhã seu pedido de soltura, diante da
decisão do STF de proibir a antecipação do cumprimento e pena antes do trânsito
em julgado de sentença condenatória.
Vai ter de ser convencido pelos advogados que deve pedir a
soltura, porque deseja ser solto não porque pediu.
Lula é um ser humano, claro, que como todos quer a
liberdade, mas é, antes disso, um ser político.
Mais espertos seriam os seus captores se abrissem a porta da
cela, logo, embora eu creia que seus ódios não o permitam.
Teriam menos desgaste se o fizessem e Lula não vai facilitar
este caminho.
A saída de Lula do cárcere é um ato político e ele quer se preparar
para isso, como se preparou para a prisão.
A sua defesa, ciente disso, divulgou no em que diz que o
pedido de libertação se condiciona à visita que lhe farão nesta sexta-feira.
O pedido de liberdade jamais terá o tom de súplica, mas o de
cobrança do preceito constitucional de obrigatoriedade de revogação de prisão
ilegal (“a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade
judiciária”, art. 5°, inciso 65 da Constituição).
Não se descarte que o pedido seja feito ao próprio STF, se
os advogados expuserem ao ex-presidente esta possibilidade jurídica.
O caso Lula é grande demais para os micróbios da vara
criminal de Curitiba e para o TRF-4.
Sua prisão foi política; sua libertação também o será.


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