Por Fernando Brito
Os jornais noticiam que Jair Bolsonaro começou a ceder na
reforma da Previdência.
Acho que é pior: ensaiou diante dos parlamentares pretender
ser um novo Bolsonaro, que sabe ouvir, ceder, nomear apadrinhados, distribuir
verbas – o que Ônyx Lorenzoni fez explicitamente, segundo O Globo.
Ele não é, seu governo não é e muito menos são seus
apoiadores.
Tanto que, nestes primeiros dois meses de governo qual foi a
figura que no governo Bolsonaro saltou como a mais prudente, ponderada e
negociadora?
Sim, ele, o General Hamílton Mourão, o linha dura “sem miolo
mole”.
Jair Bolsonaro entra enfraquecido neste negociação porque
está tendo de fazer – e depressa demais – aquilo que vinha mais do que fazendo,
orgulhosamente dizendo que não fazia: aceitar o que a política real exige em
concessão, partilha, negociação.
É como em Eclesíastes (9,11): “nas minhas investigações
debaixo do sol, vi ainda que a corrida não é para os ágeis, nem a batalha para
os bravos, nem o pão para os prudentes, nem a riqueza para os inteligentes, nem
o favor para os sábios: todos estão à mercê das circunstâncias e da sorte”.
O Bolsonaro que brandia, aos berros, o cajado jurando às
ovelhas que expulsaria os lobos tenta parecer, agora, o que vai cumprir a
tarefa de amansá-los distribuindo carne.
Ao mesmo tempo em que se põe cercado de seus mais ferozes e
fiéis cães.
Os lobos, porém, seguem sendo o que sempre foram: lobos, não
bobos.
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