segunda-feira, 9 de abril de 2018

A TRAIÇÃO DAS IMAGENS


Por Janderson Lacerda

Na era das selfies e redes sociais o que mais se desejou nos últimos dias foi uma foto do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva preso. Na realidade, este desejo, quase orgástico, foi idealizado muito antes do desfecho da operação Lava-Jato sobre o petista. A criação do pixuleco (boneco gigante com traje de presidiário representando o ex-presidente) por movimentos de direita já demonstrava isso.

De qualquer maneira, o fato é que nenhuma selfie ou foto de Lula preso foram tiradas. Os jornalistas da grande mídia esperaram com perseverança o momento certo para dar o click ideal que garantiria as capas dos jornais, revistas e sites. No entanto, isso não aconteceu, ao contrário, o “flash saiu pela culatra” e a mídia hegemônica teve que contentar-se com uma foto que viralizou nas redes sociais tirada pelo jovem fotógrafo Francisco Proner Ramos, de 18 anos.

Na imagem, Lula é abraçado por uma multidão que tenta, desesperadamente, impedi-lo de entregar-se à Polícia Federal.

Lula em uma sacada genial toma para si a narrativa dos fatos. Se a ideia do surreal processo, quase “kafkiano”, era destruir a imagem do ex-presidente, o mais popular da história do país, isto não ocorreu!

Lula “viralizou-se” nos braços do povo; e é esta a imagem que contará a narrativa. Em um momento obscuro do Brasil, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tornou-se sujeito de sua própria história. Ainda que o seu Habeas Corpus (em português, Tenhas teu Corpo/corpo livre) tenha sido negado, Lula da Silva, ironia fina, posou livre no dia de sua prisão. “Nunca antes na história deste país” um “condenado” foi fotografado nos braços livres do povo.

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