Por Fernando Brito
“A política ama a traição, mas logo abomina o traidor”,
dizia Leonel Brizola.
É a legenda ideal para a trajetória, em apenas nove meses,
de João Doria Júnior, que em só poucas coisas conseguiu se tornar “o maior do
Brasil”, como se acha: na empáfia, na grosseria, na soberba e, sobretudo, na
traição àquele que o tirou da condição de mais um dos picaretas que vivem de
acender as luzes sobre os ricos e famosos e o transformou no prefeito da maior
cidade do país.
Aí está: a rejeição à sua candidatura à Presidência – sonho
de socialites imbecis, micróbios como ACM Neto e os guris do MBL – chegou a 55%
e ainda não parou de subir, pelo que se sente.
Só 18% dos paulistanos – sim, dos paulistanos, seu ninho –
certamente daria seu voto a ele.
Se, em política, Doria fosse fiel a alguma coisa – e não é –
estaria hoje abandonando os ares de candidato, pois ele próprio sugeriu que a
candidatura tucano fosse escolhida “pelas pesquisas”.
Mas sempre há algo de bom nisso: o povo de São Paulo
recupera um pouco a dignidade, por dizer não à horrenda pantomima que este
senhor que se finge de rapaz protagonizou.
O bando de sanguessugas que se agregou a ele, prontas a
usá-lo como trampolim para sua histeria, está baratinado.
Alguns o aconselharão a refluir para uma candidatura a
governador, mas é provável que, a esta altura, Geraldo Alckmin não confie a ele
nem a administração regional do Jardins.
Nos dias de ódio que nos batem à porta, a derrocada de Doria
é um alento de esperança.
Um sinal de que a imbecilidade tem um brilho fátuo, que logo
se apaga por sua falta de substância.
Nenhum comentário:
Postar um comentário