segunda-feira, 2 de outubro de 2017

A CABINE À PROVA DE SOM DO BRASIL

Por Fernando Brito
40 anos atrás, nos tempos da TV engatinhando e
m preto e branco, um apresentador de programas de prêmios chamado Jota Silvestre tinha um quadro onde um infeliz era colocado numa “cabine à prova de som” e tinha de responder “sim” ou “não” às propostas de trocar o prêmio inicial por outros que ele nem imaginava o que fosse.

E lá ia o desgraçado, respondendo com um sonoro “sim!!!” à pergunta sobre se queria trocar o fusquinha zero km por um pé de alface.

Por vezes, isso me vem à cabeça quando vejo a onda moralista que assola o Brasil desde as famosas “jornadas de junho” e o “padrão Fifa” que de imediato o sucedeu.

É óbvio que houve certa deterioração econômica, mas é difícil dizer o quanto a deterioração política veio da econômica e quando da econômica veio da política.

Mas houve uma fantasia coletiva, abarcada inclusive por parte de uma soi-disant esquerda de que era possível a “política perfeita” em meio a uma estrutura política que carrega a podridão de séculos, querendo,  como bons pequenos-burgueses sempre o fazem, reduzir a luta política a uma questão moral e ética.

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