Por Fernando Brito
Meu querido Darcy, ainda bem que você não está aqui para ver
isso.
É porque eu sei, que de careca e câncer, você ia fazer sua
bengala de borduna para dar nessa gente na qual o velho Marechal Rondon daria
de relho, com todo o merecimento, como aquele outro barbudinho há 2 mil anos
fez com quem profanava o templo.
Uns policiais de merda, que acham que um concurso público
lhes dá o direito de serem uns filhos da puta, atiraram bombas, Darcy, naqueles
índios desarmados, que foram pedir, implorar, chorar, gritar, para que se deixe
eles terem um pedacinho da terra que era toda deles e que nós roubamos.
Não sei se agiram porque são uns brutos, cheios de poder, ou
se obedeceram ordem de outro imbecil de terno, um destes gravatinhas para quem
terra é só uma sujeira que enlameia os sapatos.
Bomba nos índios, Darcy, bombas a granel, pra nos fazer
chorar de vergonha.
Da vergonha que vem de dentro, porque vemos os brasileiros
mais brasileiros e mais frágeis sendo tratados assim.
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