Por Alexis Prieto
Bastaria que o Robin Hood tivesse pegado algum dinheiro para
enriquecimento próprio para que a história medieval que conhecemos fosse
desacreditada, e para que muitos senhores ingleses pudessem dormir melhor
nestes últimos 500 anos e os anos que virão.
Hoje, para a elite brasileira, é fundamental prender o Lula
e matar o mito. Quanto menor e brega seja o delito, mais ordinário o Lula será
apresentado perante a sociedade, como um batedor de carteira, um aproveitador
de sobras, um catador de restos de banquetes, ou seja, delitos que o
"povo" entende claramente como tais. O apartamento do Geddel na Bahia
é perdoável para as elites, pois demonstra bom gosto e articulação, mas não
assim aquele apartamento brega em Guarujá.
Pela cultura brasileira, o povão convive e tolera elites
ricas, elegantes, articuladas e espertas, mas não perdoa ladrão de galinha
dentro da sua comunidade. Assim também a “justiça”, como fez com aquela mulher
que roubou um pote de manteiga em supermercado e ficou 6 meses na cadeia.
A elite avança sobre Lula como bando de meninos vândalos
que, depois de aprontar e serem questionados pela professora, estes apontam o
dedo justamente para o mais comportadinho da sala, aquele carinha que os
envergonha, aquele “mau exemplo”, aquele que os diminui moralmente.
Lula não é o santo nem precisa ser um mito (embora parte do
povo precise disso), mas, a sua presença incomoda nas urnas e nos ambientes de
poder. Lula deve ser destruído para que o Aécio não “pareça” ser tão ladrão
assim; para que Serra e sua filha não sejam mais incomodados; para que os juízes que compraram apartamento
em Miami sejam esquecidos; para que Cunha volte aos braços da sua mulher e
recuperar os “trust”; para que Temer não seja tão insignificante assim; para
que os privilégios de muitos permaneçam escondidos; para que Moro possa ir a
morar aos EUA e encontrar sossego; para que a Globo possa continuar mandando;
para que o povo não saia para rua; para que o povo engula as reformas sem voto;
para deter esta “sangria” e essa “porra”; para deixar de mentir diante as
câmeras; para vender o Brasil; para voltar à “normalidade”.
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