quinta-feira, 23 de março de 2017

“DÓRIA IS IN THE AIR”. FESTAS DE AMOR E TRAIÇÃO

Por Fernando Brito

Pouco escapa do olhar feminino, mais atento ao “clima” que nós, homens, que andamos mais perto daquilo que Nélson Rodrigues chamou de “idiotas da objetividade”.

Duas repórteres – Maria Cristina Fernandes(MCF) , no Valor, e Monica Bergamo(MB), na Folha– acompanharam a festança da burguesia paulistana em homenagem a seu novo herói, João Dória Junior, a pretexto de comemorar o novo casamento de Luiz Carlos Trabuco, algo tão íntimo que reuniu mais de 300 convidados, muitos dos quais, conta Monica, “ainda nem sabiam que eles estavam juntos”.

O clima deste puro amor foi tão contagiante que a dona da casa, relata Maria Cristina, recebeu o prefeito João Dória – não se vestia de gari, claro, mas meticulosamente “casual”, juvenil, sem o paletó ou o blazer dos demais – chamando-o de “a esperança do Brasil”.

Teve, porém, de conter o entusiasmo, como tiveram de contê-lo os que lhe dirigiam “os gritos de ‘presidente’ de diferentes lugares da plateia” (MCF).

“Bem que nós queríamos, mas o Geraldo [Alckmin, governador de São Paulo] vem”, dizia uma das pessoas no jantar sobre a possibilidade de alguns dos convidados, próximos do prefeito, lançarem naquela noite o nome de Doria para a Presidência da República em 2018.(MB).

A anfitriã, porém, não se furtou a enche-lo de elogios ao microfone. Lucília,  irmã do empresário Abílio Diniz, chamou o falso menino, que já beira os 60, como uma tardia “maior promessa de renovação da política nacional.”

A “saia-justa” não tirou o rebolado de Dória, acostumado às artes de showman. Rápido como um raio, tirou os sapatos, subiu num rico banquinho e fez sua profissão de fé ao padrinho, “o maior nome da política nacional”.

“Não sou candidato a nada. Meu candidato à Presidência é Geraldo Alckmin. Aprendi com meu pai a ser [frisando as sílabas] le-al. Lealdade não vai me faltar nunca.” E derramou-se em elogios, chamando o governador de “mestre” e “professor”. Alckmin, ao lado, sorria. (MB).

Palmas da platéia, e que platéia, bem diversa daqueles sertanejos de Monteiro da Paraíba, que comemoravam a água com a felicidade com que tomam champanhe:

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