terça-feira, 14 de outubro de 2014

NEM VOX, NEM IBOPE, NEM DATAFOLHA. O QUE DECIDE A ELEIÇÃO É O DEBATE

Por Fernando Brito
Blog Tijolaço

O debate de hoje à noite, na Band, é o início, “pra valer”, do segundo turno.

Dois pontos para lá, dois pontos para cá, como apontam as pesquisas Datafolha, Ibope e Vox Populi, não são absolutamente nada.

Muito mais significativo foi o fato de Aécio ter assumido a postura de um favoritismo precoce, sem ter aprendido es lições que o primeiro turno deu a quem cantou vitória antes do tempo.

Com ela, assume também a posição de “vidraça” fez ruir a “nova política” de Marina Silva, agora reduzida a cacos por sua adesão ao tucanato.

Aécio sabe que chamar à memória o que foram os tempos do tucanato é a principal – e imensa – razão para não ter os votos da pequena classe média que ascendeu sob os governos Lula e Dilma.

A sua defesa contra isso é, até agora, pífia, como não poderia deixar de ser, porque não há argumentos para defender o indefensável.

Citar, como vem fazendo o tucano,  a carta gentil de Dilma Rousseff a FHC (aliás, de um exagero ingênuo, que só os que estão tratando com gente de escrúpulos são capazes de não perceber) é uma bobagem que se desmancha em poucas frases: Escrevi a um ex-presidente, um homem  que estava completando 80 anos, com a cortesia que deveríamos praticar na política. Eu  respeito os seres humanos, candidato, independente da política eleitoral. Nunca vi uma carta sua, que fala tanto que reconhece os avanços do Brasil com Lula dando-lhe os parabéns por qualquer coisa, candidato Aécio.
E emendar sobre os dois pesos e duas medidas com que são tratados os temas.

Corrupção na Petrobras? Muito bem, está sendo investigada. E na Cemig, quais são os negócios que se faz com fundos, bancos e compra de participações, como foi o caso da Light, para onde foram nomeados até um ex-diretor da Globo e o presidente da Petrobras que queria vender a empresa e afundou a P-36, o senhor Reichstul?

Agora, candidato, o senhor imagine se eu tivesse uma rádio, como a que o senhor tem lá em Minas, dada pelo Sarney, e estivesse colocando dinheiro público em publicidade como fez o senhor? Eu estaria sendo trucidada na imprensa, não é? Aliás, o senhor sabe dizer quanto o Governo de Minas deu para a rádio, porque os jornalistas perguntaram e o governo do PSDB de Minas sai pela tangente, dizendo que não tem a lista.

Investimento em Cuba? Perfeitamente, em Cuba e em muitos outros países, para permitir negócios lucrativos para o Brasil e para as empresas brasileiras. Investimento produtivo, o que não é o caso da oferta de seu governo, em Minas, para tentar comprar parte de uma empresa de eletricidade na Colômbia, que acabou não dando certo, embora continuem por lá os negócios com o pessoal de Medellin.

Agora o senhor vê como são as coisas? O senhor desapropria uma nesga da fazenda do seu tio, com dinheiro público, constrói um aeroporto na fazenda do seu tio, do lado da sua fazenda, com dinheiro público e agora vem falar de moralidade? Imagina se a Dilminha tivesse feito um décimo disso? Estaria, com toda a razão, desmoralizada e o senhor só não está mais porque os jornais o protegem.

Ah, tenha santa paciência, seu Aécio…

Eu poderia fazer uma lista imensa de situações imaginárias.

Mas o importante é fixar o tom.

Aécio é um candidato que – com a apropriação da definição genial do Xico Sá – em condições normais deveria ser vencido por WO.

Sua força é a mistificação e é nela e não nas idéias que não tem que ele precisa ser atingido em cheio.


Mas é preciso parar de trata-lo como se fosse algo além disso.

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