segunda-feira, 27 de maio de 2013

REQUIEM AO BAHIA DE FEIRA

Por Osvaldo Ventura

Chora Queimadinha, chora Sobradinho, chora Baraúnas, chora toda a periferia, choram todos os desportistas de ontem do Estádio Almáchio Alves Boaventura e os de hoje do Alberto Oliveira. Choram pelo homicídio doloso perpetrado pelos abomináveis interesses pecuniários que maculam atualmente o futebol brasileiro. Acaba de ser assassinada, a golpes de capitalismo, mais uma tradicional instituição de Feira de Santana. Desta feita, um clube de futebol com raízes fincadas, há mais de setenta anos, no coração, na memória e nos sentimentos de felicidade coletiva de uma parcela significativa dos desportistas feirenses. Arrancaram uma página do livro da história da então inocente Princesa do Sertão (Sorridente como uma criança/ Descuidosa da sua beleza), e desrespeitaram abnegados e obstinados defensores das cores azul-marinho e vermelha e branca da septuagenária equipe. Sim, o capitalismo sem peias acaba de matar o Bahia de Feira, chamado carinhosamente Tremendão pelos seus aficionados torcedores. Não só isso. Sumiram com o corpo. Talvez, para apagar quaisquer vestígios capazes de trazer indignação aos admiradores do falecido. É assim que se comportam os poderosos de plantão quando desejam apagar a trajetória notável de mitos, heróis e ídolos inesquecíveis, a fim de evitar romarias a seus túmulos e lamentações inconvenientes.
A força indomável do capitalismo é useira e vezeira em desprezar valores que não são traduzidos em lucros imediatos para seus vorazes negócios. Sem compromissos com instituições, sem pudor para com a sociedade de onde deriva sua razão de ser e com a qual convive, o capitalismo segue ávido, desconstruindo tudo aquilo que representa empecilho à singular voracidade de sua natureza. O aguerrido Bahia de Feira, de tantas alegrias coletivas, está definitivamente morto. Merece um REQUIEM IN PACE!  
  (*) Escritor
                                                                                        Membro da Academia Feirense de Letras   
                                                                                  

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