Para o amigo Durval Lago
O ondular dos teus anos seculares,
Na música impassível dos rugidos,
É o encanto maior dos meus sonhares,
E a belêsa mortal dos meus gemidos.
Nos teus murmúrios e nos teus cantares,
Há sonatas de amor que, aos meus ouvidos,
Parecem serenatas milenares
De sonhos que não foram compreendidos.
O', meu velho mar de aguas onduladas
Que beija a praia em gesto sussurante
E cadencias por tudo modeladas!...
Como te quero, vendo os teus matizes,
Pois em tuas ondas ha o gosto cruciante
Das lágrimas fatais dos infelizes
Moreira de Pinho, janeiro de 1952.
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