Por Leandro Fortes,
para o Jornalistas pela Democracia
No início de 2009, quando a corrida presidencial de então se
anunciava com uma candidata escolhida por Lula - Dilma Rousseff - para
sucedê-lo, a mídia brasileira havia se convertido em um esgoto de mentiras e
meias verdades.
Em abril daquele ano, a Folha de S.Paulo, disposta a superar
os inenarráveis O Globo e Veja, publicou, na primeira página, uma ficha falsa
de Dilma. Um pseudo documento do DOPS, alusivo à ditadura militar, dando conta
de supostas atividade terroristas da candidata do PT.
Era lixo puro, roubado de um site de extrema direita
frequentado pela turma de Bolsonaro, que já circulava pelas incipientes redes
sociais de então.
Mas a Folha bancou, na primeira página.
Dilma reagiu com civilidade, a Folha reconheceu o erro de
forma canalha, sem assumir a culpa pela divulgação, e ficou por isso mesmo.
Eleita, Dilma ainda se deu ao desfrute de ir discursar no
aniversário de 90 anos do jornal, em 2011 - um daqueles ataques de
republicanismo que iriam ajudar a direita a moer os governos petistas.
Ou seja, a Folha foi cruel, infame, mentirosa e cínica com
Dilma, como já havia sido com Lula, mas jamais sofreu retaliação ou ameaça dos
governos petistas. Seus jornalistas continuaram a ser tratados com respeito e
consideração, no Palácio do Planalto.
Uma década depois, ao fazer uma reportagem verdadeira sobre
o presidente da República eleito no rastro de destruição nacional que a Folha,
em nome do antipetismo, ajudou a construir, o jornal passou a ser tratado como
inimigo da nação.
Bolsonaro insulta publicamente o jornal e seus jornalistas.
O secretário de imprensa do governo, um zé-ninguém, insinua cortes de
publicidade.
E, ironia do destino, a Folha é, tardiamente e pelos motivos
errados, chamada de esgoto.
Talvez, agora, aprenda a lição.
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