terça-feira, 5 de junho de 2018

UM CAIPIRA EM MONTE CARLO


Por Fernando Brito
Uma vez,  convidado para participar do programa de entrevistas do empresário Henry Macksoud, Leonel Brizola ganhou uma hospedagem – a gravação terminaria tarde demais para pegar de volta a ponte aérea de São Paulo ao Rio – na suíte presidencial do luxuoso Macksoud Plaza. Quando chegamos, já na escada rolante, o velho gaúcho quase torceu o pescoço olhando os pingentes que desciam pelo vão de vários andares. Depois, ao se instalar no quarto, tirou os sapatos e afundou o pé no espessíssimo tapete, virou para mim e disse:

– Brito, vamos para o Jaraguá…
Jaraguá era o então velhíssimo Hotel Jaraguá, onde funcionou, até os anos 70, a redação do Estadão. Era “querência” antiga, do tempo dos anos 50, mesmo estando decadente e com um leve cheiro de mofo, como em Brasília era o velho Hotel Nacional. Bem satisfeito com a mudança, perguntei o porque deixar de lado a mordomia de um cinco estrelas “grátis” e a resposta veio sem afetação:

– Aquilo é demais, Brito, e gente começa a se entregar pelo macio no pé.
A história vem ao caso quando se lê, no Painel da Folha, a noite de “rei” de Sérgio Moro, num leilão em Mõnaco, onde só o ingresso custava mil euros, com direito a um baile brega-chique e a posar com uma bola de futebol nas mãos.

Moro, claro, pode ter ganho tudo “di grátis”, mas o folguedo é daqueles píncaros que mostram a pequenez de um homem.

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