Por Fernando Brito
Uma vez, convidado
para participar do programa de entrevistas do empresário Henry Macksoud, Leonel
Brizola ganhou uma hospedagem – a gravação terminaria tarde demais para pegar
de volta a ponte aérea de São Paulo ao Rio – na suíte presidencial do luxuoso Macksoud
Plaza. Quando chegamos, já na escada rolante, o velho gaúcho quase torceu o
pescoço olhando os pingentes que desciam pelo vão de vários andares. Depois, ao
se instalar no quarto, tirou os sapatos e afundou o pé no espessíssimo tapete,
virou para mim e disse:
– Brito, vamos para o Jaraguá…
Jaraguá era o então velhíssimo Hotel Jaraguá, onde
funcionou, até os anos 70, a redação do Estadão. Era “querência” antiga, do
tempo dos anos 50, mesmo estando decadente e com um leve cheiro de mofo, como
em Brasília era o velho Hotel Nacional. Bem satisfeito com a mudança, perguntei
o porque deixar de lado a mordomia de um cinco estrelas “grátis” e a resposta
veio sem afetação:
– Aquilo é demais, Brito, e gente começa a se entregar pelo
macio no pé.
A história vem ao caso quando se lê, no Painel da Folha, a
noite de “rei” de Sérgio Moro, num leilão em Mõnaco, onde só o ingresso custava
mil euros, com direito a um baile brega-chique e a posar com uma bola de
futebol nas mãos.
Moro, claro, pode ter ganho tudo “di grátis”, mas o folguedo
é daqueles píncaros que mostram a pequenez de um homem.
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