Por Fernando Brito
A cena é bem menor e de aparência mais respeitável.
Em lugar de quatro centenas de deputados e algumas dúzias de
palhaços com buzinas, confetes e “alô,
mamãe”, serão apenas três senhores e alguns auxiliares, de trajes discretos e
comportamento adequado.
Mas, na essência, poderão fazer o mesmo: aplicar o castigo
sem a evidência do crime e desconstituir a vontade popular, ainda que desta vez
“preventivamente”.
Não vão citar “a
minha senhora, a minha mãezinha e os meus netinhos” nem invocar Nossa Senhora,
decerto. Mas, se referendarem a mixórdia sentencial de Sérgio Moro, estarão
fazendo, com falsa erudição, absurdo maior.
Não apenas porque há centenas de juristas reconhecidamente
capazes – “de nomeada”, no jargão forense – a dizer que não há ali nem
regularidade nem consistência para condenar alguém – como as “pedaladas
fiscais”, o triplex do Guarujá é um “não-fato” – como nem mesmo poderão alegar
que as ruas se enchem de massas pedindo deles a execução de um inocente.
Os palhaços na Câmara e o Pilatos no Credo tinham, ainda,
esta justificativa.
Tinham, também, outra atenuante: não havia ali o Bolsonaro
às portas, esperando que a cidade desmonte as suas forças e lhe abra as portas.
Desmontem-se as eleições livres e é o que teremos.
Será que suas excelências imaginam como será o Judiciário
num país chefiado – porque governado não será – por uma figura feroz assim?
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