Cinquenta anos depois da morte da
atriz Leila Diniz, vítima de um acidente de avião ao voltar da Austrália em 14
de junho de 1972, já não causa mais comoção ver uma mulher grávida de biquíni na
praia. Um ano antes da tragédia, ela causou: se deixou fotografar com a peça,
mostrando o barrigão em que levava a filha Janaína. A foto estampou jornais e
revistas e escandalizou a sociedade, que exigia que o top tivesse um tecido
mais largo, caindo pela barriga e cobrindo-a. Essa imagem de Leila, a mais
famosa, traz um pouco do que eram seus arroubos revolucionários. Um pouco,
repito. Mesmo porque falas e posicionamentos dela de 50 anos atrás fariam
franzir testas e levantar sobrancelhas dos mais conservadores até hoje — vide a
repercussão das falas de Anitta sobre sua sexualidade livre.
Três frases de Leila foram
capazes de deixar o governo militar da época em desespero. Em 1969, após uma
entrevista dela a "O Pasquim", a ditadura estabeleceu a censura
prévia para qualquer tipo de publicação para "proteger os bons
costumes" — a nova norma foi apelidada de Decreto Leila Diniz. Autoridades
do governo deveriam ler tudo que fosse a público antes de chegar aos cidadãos,
para não correr o risco de os brasileiros lerem frases como as ditas por Leila,
que foram as seguintes:
"Não acredito nessa coisa do amor possessivo e acho chato. Você pode amar uma pessoa e ir para a cama com outra. Isso já aconteceu comigo." E tinha mais.
Uma sequência de palavrões recheavam a entrevista a
"O Pasquim", todos substituídos por asterisco. Era com eles que Leila
explicava sua visão sobre amor, sexo, prazer, desejo, casamento e fidelidade. E
foram eles que lhe custaram uma quase prisão. MAIS




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